M a R
Manhãs de abril
Amanheço com o frescor dos orvalhos
e me rendo ao pulsar das lembranças...
Meu olhar se perde nos retalhos
de velhas roupas-desesperanças...
Acordo sem vontade e sem medos
apenas recordo nossos momentos...
E pergunto aos meus arremedos
por que em abril, ardem-me os fragmentos?
Anorkinda
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Manhãs musicais
Minhas manias musicais
Minoram
meus martírios
Meus momentos musicais
Melhoram
minhas melancolias
Minhas manhãs musicais
modulam
meus murmúrios matinais
Anorkinda
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Mandala Olhos
Em progressão
a boa sorte
vai ampliando
minha visão
Das más energias
protegida
vou meditando...
as mãos frias
Em satisfação
a mandala
vai adentrando
minha intuição
Dos nós aparentes
libertada
vou realizando...
as mãos quentes
Anorkinda
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ME APAIXONEI
Me senti
Me sorvi
Em deleite
Me verti
Me venci
Com coragem
Me revelei
Me apaixonei
De verdade
Me rebelei
Me aprimorei
Determinada:
A nunca mais
ser podada
ser anulada
A jamais
Ser escrava
Ser usada
A amar mais
Ser completa
Ser humana
Anorkinda
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Me desisti
Eu já não estou aqui
nem em lugar algum
Eu já não sou alguém
que eu reconheça
Eu já me considerei
uma pessoa comum
Eu já me vi por aí
sofrendo à beça
Eu já me vi também
sendo mais de um
Eu já me desisti
e peço...por favor, me esqueça!
Anorkinda
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Me jogo na vida
A boa sorte me pisca
a cada vez que sorrio
Nunca apostei à risca
apenas fluí como um rio
O encanto da vida
me fez ternura
Paixão aquecida
na brasa mais pura
Descobri que não finda
Esta estrada bem-vinda
Esta festa-luzeiro
Cantei as fantasias
Me vesti de manias
Me joguei por inteiro
Anorkinda
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Medos
Escorreguei
no azul do firmamento
vibrei nas luzes
do entardecimento
de mim
Parei
no branco reluzente
suguei os ares
do poente
a cores
Recordei
do frio do amanhecer
chorei os medos
do nascer
de novo
Anorkinda
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Mergulhando em Nada
Quis enveredar-me pelo Nada
aquele que existe em tudo
todas as coisas e seus vazios
Fiz ali vertente de versos
daqueles que falam tudo
todas as emoções traduzidas
Mas percebi-me cheia
repleta de elementos
Descobri-me no infinito
de todas as possibilidades
Matriz dos sentimentos todos
o Todo que faz-se Nada
no vazio de todas as coisas
Aprendiz de mim mesma
versei em vácuo e luz
emocionei-me em totalidade
Anorkinda
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Mergulho da Deusa Lua
Em águas banhadas pela lua, submergi
Envolta por elas muito aprendi
Das lições do amor desaguado
Nas friezas da solidão gelada
Em noite de lua cheia, emergi
Revestida de encantamento, sorri
Bálsamo em mim foi jorrado
Fé no amor enfim recuperada
Sinto a força da vida
Convertida em deusa esqueci
Da lágrima sofrida
Ergo uma prece ao firmamento
Invoco os poderes que adquiri
De divindade em renascimento
Anorkinda
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MEU BRILHO É CRISTAL
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Meu coração chora
Quando meu coração chora
Só minha própria mão
o consola
Quando meu coração pulsa
torto de dor-ilusão
ele chora
Quando meu coração vibra
sem ritmo-alegria
ele me chama
Quando meu coração grita
agonias de perdas
ele me aperta
Quando meu coração quebra
Só meu amor-próprio
o cola
Anorkinda
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Meu feminino
Deste lado do universo que é feminino
Penso, sinto e observo de forma pueril
As dores e manias do meu desatino
Me revelam ou escondem, diferença sutil
Atitudes tão particulares e tão minhas
Universo interior e alma transcendental
Fêmeas subjetividades mesquinhas
Sujeitam as formas e a atividade mental
Devaneios de uma mulher insone
Como é o meu feminino?
Receio que em nada me consome
Livre de rótulo transliterado
Sei onde estou catalogada?
Graças a Deus que não, obrigado!
Anorkinda
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Meus respeitos...
Me chamo Anorkinda
agradeço sua atenção
nada tenho de linda
mesmo sendo sincera sua admiração
Meus defeitos...
Se perdoam uns aos outros
eu os esqueço, muitas vezes
é quando eles aprontam, soltos
uma quantia inapropriada de reveses
Meus sujeitos...
Me chamam por detrás
dos verbos que atuam
ora indefinidos em sagaz
ardil para as luzes que se ocultam
Meus trejeitos...
Se acusam inseguros
sem versos inseridos
mesmo quando, em apuros
a poesia da vida me grita aos sentidos
Anorkinda
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........................................................
...................................................................
.................................................
Minha casinha
A energia me abriga,
acolhe e conforta.
As flores exalam
companhia...
A casinha me abriga,
me abre sua porta.
As luzes estalam
felicidade!
Anorkinda
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Minha energia Violeta
Na fluidez das sensações
raios violetas e energia
um nascer
Infância de doces emoções
cores violetas e sinergia
um crescer
Nas ondas-manifestações
luzes violetas e letargia
um florescer
Constância em sábias ações
dias violetas e magia
um transcender
Anorkinda
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Minha fúria
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MINHAS TANTAS ASAS
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Misturo-me às flores
Em dias assim, sensíveis
Como um toque suave
De brisas invisíveis...
Sinto-me afagar
Sintonizo assim, sem dores
Como um murmúrio suave...
Misturo-me às flores
Sinto o germinar
Fluem assim, amores
Como brotos suaves
Pétalas inefáveis...
Sinto-me celebrar!
Anorkinda
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Moldura
Quando um sentimento toma forma,
meu peito soluça cores e tintas
e transmuto as paixões
em tela muda...
A moldura retém
a enxurrada de emoções....
Anorkinda
....................................................
Mostrei meus sonhos
No voo da borboleta
Inscrevi um passeio
Na sua asa colorida
Antevi um floreio
Mostrei meus sonhos
E cuidei do recheio
Ganhei duas asas
de liberdade e ponteio
Em viagem bonita
Ignorei o que era feio
Em vida de borboleta
Configurei meu esteio
Anorkinda
...................................................................
..........................................................
Muito/pouco
Sigo falando...
pouco
Sigo sentindo...
muito
Sigo pensando...
muito
Sigo chorando...
pouco
Sigo amando tudo!
Anorkinda
.................................................................
Na imensidão do...
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Na leitura
Quando muito emociono
numa leitura
e pode ser história simples
de água com açúcar
bem melada de lugar-comum
ou enredo denso, filosofia
ou uma falsa biografia
ou mesmo uma aventura, mistério
sorrio e, sem querer, atraio
seres de alma pura
Anorkinda
......................................................
Não sei ll
Não sei se a vida
é pouco ou demais
para mim
Não sei se a ferida
é profunda demais
para mim
Não sei se a guarida
é pouco segura
para mim
Não se a saída
é complicada demais
para mim
Não sei se a vida
reserva surpresas demais
para mim
Anorkinda
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Não sou só de poesias leves!
Minha alma também golpeia com força
O âmago de questões controversas
Um grito eloquente nas conversas
Onde minha vontade se reforça
Meus versos também tem luta
A ânsia de desejos sufocados
Rimas de corações compartilhados
Onde expresso em pedra bruta
Minha poesia nada leve
A busca de mais respostas
As angústias por mim impostas
Onde libero meu ódio breve
Anorkinda
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Nas noites
Em noites de minguante lua
espaireço e saio à rua
Em noites de vento quente
enlouqueço, demente
Esqueço os endereços
e pago todos os preços
Em noites de cheia lua
adormeço semi-nua
Em noites de geada fria
reconheço a nostalgia
Entorpeço meus apreços
e retiro-lhes os adereços
Anorkinda
.....................................................................
NASCI EM 72
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NASCIMENTO
Das águas gestoras,
barrriga de mãe...
Não tenho lembranças
mas moldaram-me.
Do choro primeiro,
fôlego no pulmão...
Não guardo memória
mas impulsionou-me
Das mãos brandas,
carinho de mãe...
Lembro na pele...
Preencheram-me de amor.
Anorkinda
.............................................................
Neblina
Fria neblina insere-se...
Condensa o sentimento...
Faz-me melancolia...
Frio cinza alastra-se...
Compensa o esquecimento...
Traz-me o fim de um dia...
Fio raciocínio difere-se...
Começa um tormento...
Dilui-me em agonia...
Fria alma abandona-se...
Coleta um pensamento...
Possui-me em nostalgia...
Anorkinda
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Necrológios
Junto-me ao poeta
de minha terra
em Quintanares
A maldizer
dos relógios
abjetos necrológios
Junto-me à natureza
e sua grande beleza
em terras e mares
A desprezar
o ponteiro das horas
marcador de demoras
Junto-me aos anjos
e todos arcanjos
em louvores
A marcar
meus passos
no compasso
contínuo das esferas!
Anorkinda
............................................................
.............................................................
NESTA PAZ
Neste globo onde me insiro
Vivo cada ponto do meu dia
Caminho, colho e transpiro
Neste ano que respiro
Sinto cada sopro nostalgia
Escrevo, sorrio e suspiro
Nesta paz em que silencio
Viva beleza do meu dia
Desejo, espalho e balbucio
Nesta poesia meu vício
Sentido em nostalgia
Recolhe, abranda , resquício
No ano novo que se inicia
Vívido e sedento por cada dia
Sonhos doces que nada sacia!
Anorkinda
..........................................................................
NO ESCURO OFUSCANTE
Dentro de uma caverna intrigante
Encontrei um diamante!
Foi uma descoberta importante
E o mais impressionante
É que não era uma pedra grande
Seu brilho é que era gigante!
Guiava-me, dali por diante
Com aquela luz cativante
Em uma viagem fascinante
Pelo escuro ofuscante.
Anorkinda
........................................................
No interior
Sentia frio...tremia...
Imenso corredor
aquele...
Fazia vento...assovios...
Intenso corredor
aquele...
Sentia medo...tremia...
Escuro interior
aquele...
Fazia tempo...eras...
Procuro um refletor...
longo corredor...
Senti a força...luz...
Bálsamo de amor...
fim do corredor.
Anorkinda
..........................................................................................
...........................................................................
NOVA
De mim,saíram em revoada
as razões de um viver
as rusgas de conviver
as regras de um saber
Me vi celebrar, em alvorada
flores de um reviver
festa de renascer
fagulhas de um novo amanhecer!
Anorkinda
.....................................................
............................................................
........................................................
O giro da sombra
Mesmo rodando
ritmo sideral
elipse segura
nunca à mostra
o lado escuro
Mesmo às rodas
na vida normal
algo insegura
nunca demonstro
o que é obscuro
Arriscaria
o equilíbrio
de minhas marés
Espantaria
o voo bonito
de minhas fés
Anorkinda
.........................................................
O AVESSO DO AMOR
Procuro fórmulas
formas gastas
de ilusão...
Deparo com névoas
pudores largos
sem imaginação...
Reviro antigos baús
temores fartos
de escuridão...
Descubro vestidos
tecidos vastos
sem decoração...
Reparo no avesso
da roupa mofada
de solidão...
Suspiro lembranças
momentos puídos
sem coração...
Assovio com gosto
pequenos ruídos
de emoção...
Permito novas ideias
alguns pruridos
sem perfeição...
Declaro extintos
amores roídos
de sedução...
Anorkinda
......................................................
O MEU CANTO
Ao olhar para a luz
que me acompanhava
sempre e sempre
Senti-me a entoar
um canto inebriante
era o meu canto
Melodia a vibrar
as cordas do meu Ser
a despertar-me
Ao misturar-me à luz
que insistente pulsava
inspirei meu canto
E assinei-me:
Anorkinda
..................................................
O MEU SONHO
No meu sonho vivo
Acordo
e rebolo
Em sonho sigo
Pinto
e bordo
Em sonho vivo
distraio
o pensamento
No teu sonho
compartilho
um momento
De sonho em sonho
Transpiro
a poesia
Anorkinda
......................................................
O MEU VERDE
do meu universo verde
explode a luz.
do universo, meu poder
expande em luz...
de minha essência verde
brota a luz.
da essência, meu poder
brinca em luz...
da minha magia verde,
recheio de luz.
da magia, meu poder...
rastro de luz!
Anorkinda
..............................................................
O que me dá prazer
O que você vê?
Meu rosto, meu riso?
O que você sente?
Minha paz, minha fome?
O que você conhece?
Meu nome, meu poema?
De tudo o que eu sou
Vês que porcentagem?
Do que há em mim
Dôo o que me dá prazer!
Anorkinda
....................................................
O que se leva da vida
Da vida se leva
ela própria
A vida é sempre
nossa
Na vida eu levo
a mim
A vida é sempre
minha
Da vida nada se leva
porque dela
Não se escapa
Na vida eu levo
os amigos
grudadinhos no coração!
Anorkinda
.................................................
O vento no tempo
O vento na vela
impulsiona
à deriva na água
da vida
O tempo me solta
e aprisiona
à resposta do rumo
do amor
A vela ao vento
abandona
a espera na água
do amor
Solta no tempo
sou dona
da nau e do rumo
da vida
Anorkinda
..................................................
O Voo das lembranças
A aura era lilás
o lilás dos mistérios...
E de repente me vi
abrindo um baú interior...
A primeira lembrança
que voou faceira,
foi de meu vestido
de bolinhas...
De uma fase vaidosa.
Junto a ele estava
a caixinha branca
de bijouterias...
Com gaveta e figurinha.
Depois vieram lágrimas
a querer expurgar
dores passageiras...
Daquelas que criança
verte sem querer.
A cachorrinha Lolita
veio, meiga, ladrar
com saudade do tempo
em que era filhote...
Muito dengo recebia.
Junto dela os canários
Espoleta e Camões
cantaram alto...
Como nas tardes febris.
Minha vó passando roupa
e meus desenhos a giz
espalhados sobre a mesa...
Rabiscos de doce sabor.
Foram os flashs mais vivos
que voejaram a minha frente...
Fechei depressa esta fonte
inesgotável de saudades...
Anorkinda
........................................................................
OCORRÊNCIAS
Apagaram-se
os registros do que vi
minhas visões exteriores
Zeraram-se
os amores que vivi
minhas ações anteriores
Cobriram-se
as ilusões que inscrevi
meus planos inferiores
Cantaram-se
as músicas que escrevi
minhas melodias interiores
Abrandaram-me
os ventos que sorvi
nos planos superiores
Versaram-me
as líricas que absorvi
nos dias posteriores
Anorkinda
.........................................................................
Onde está meu planeta?
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Os ventos nas velas claras
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Outono da vida
Era um verão simples e lúdico
onde eu vivia como toda criança...
Satisfeita com minhas bonecas,
meus brinquedos preferidos,
estudos prediletos, amigos
e festejos.
De repente ventou e forte!
Um outono mostrou-se
derradeiro pondo fim às ilusões...
Eu, criança mal pude ver
na claridade deste tempo
de revelações.
Caíam de mim, folhas amarelecidas...
Aquelas crenças antigas
caducaram nesta estação da vida.
Fiquei confusa, com medo do vento,
sem saber quem eu era.
Assim, sofrida vi escurecer...
O inverno chegara.
Numa caverna fria e gelada,
me vi abandonada de mim mesma
e chorei.
O tempo parece crescer na solidão...
Os dias e horas foram enormes.
Sem perceber, ali naquela condição,
eu realmente me vi...
verdadeira.
Nada havia a refletir-me, a confundir-me...
Eu era eu e nenhuma influência me atingiu.
Foi gelado, foi duro dormir na rocha.
Me feri no frio cortante desta navalha
de inverno.
Num piscar repentino vi uma cor!
Era uma pequenina flor brotando
no meu coração... Única luz a aquecer
aquele gelado ambiente, minha caverna
interior.
Era a primavera de meus olhos...
De minha vida, rompida no rio
das lágrimas quentes que percebi
reavivarem aquele inverno triste.
Sorri para mim.
E a cada sorriso mais flores despontavam
jorrando de meu coração, iluminando
tudo ao redor, consegui assim
ver a saída.
Flutuando pelo rio, agora de pétalas,
embrenhei-me rumo à vida-luz
que vislumbrava à frente...
vida dourada.
Pleno sol quente de novamente verão
senti no rosto, na pele, nas entranhas...
Eu já não era a mesma criança
do primeiro verão.
Agora eu era a nova criança,
lapidada na fria caverna do inverno,
florescida nas cores da primavera,
abençoadamente
arrebatada pelo mais belo outono que a vida poderia me ofertar!
Anorkinda
........................................................................
Palco da vida
Discernir o que é rico na vida
e o que é fugaz, de pouca paz
É tarefa em que eu fico entretida
Redescobrir o que é mentira
e o que é capaz e satisfaz
É a apresentação que me inspira
Expor no palco desta vida
as experiências e todas vivências
É tarefa um tanto atrevida
Dispor do ferimento e curativo
as conveniências e muitas ciências
É a exposição de meu eu criativo
Anorkinda
..................................................................................
Pão pão queijo queijo
Quis te explicar
que uma coisa
é uma coisa
e outra coisa...
bem...
pode ser muitas coisas!
Quis te dizer
que pão é pão
e queijo
bem...
queijo pode ter muitos nomes!
Quis te trazer
muitas possibilidades
de ser muitas
coisas
e na vida
ter muitos sabores
Mas do queijo
só conheces
um nome
e na vida
só aceitas
uma coisa:
sempre a mesma coisa!
Anorkinda
..............................................................
................................................
Passado Presente
Em muitos casos
o passado
insiste em
se fazer presente
Em muitos casos
o presente
insiste agarrado
ao passado
Em muitos anos
passados insisti
em viver o presente
Em muitos anos
ganhei o presente
de apagar o passado
Anorkinda
.........................................................
...........................................................
Passos no escuro
Percorro caminhos escuros
e o medo não me segue
Meu foco é à frente
onde a vista não alcança
Mas posso ver na fé
a boa claridade
que aos poucos avança
Socorro minhas ânsias
com afagos na alma
Meu passo é lento
para andar mais rápido
Mas posso perceber
a brilhar, a felicidade
em horizonte ávido
Anorkinda
.................................................................
............................................................................
PENSANDO BEM
Foram dias difíceis
onde os sentimentos
viraram fósseis
Foram bons momentos
mas tal como mísseis
explodiram tormentos
Pensando bem, nada dóceis
foram meus pensamentos
quando vi teus atos inverossímeis
e me decidi sem mais lamentos
Anorkinda
................................................................
Penumbra e eclipse
Quando a alma semi-escurece
acompanhando o caminhar
da sombra terrestre
sobre a lua
O sentimento esconde-se
aninhando-se num lugar
seguro e em teste
saio à rua
confiando à sorte meu deslize
Anorkinda
...................................................................
PEREGRINO
É que meu próprio mundo
ficou pequeno
sufocado
É que meu Universo interno
explodiu
expandiu brilhos
É que meu Eu Superior
ficou consciente
despertado
É que meu próprio caminho
se abriu
se curtiu, andarilho
Peregrino das constelações...
Anorkinda
...................................................................
Perene emoção
Pra sempre fica em mim
a emoção que o amor desperta
Ter amigos no coração
traz minha alma mais esperta
Ter guardadas as paixões
traz minha sensibilidade descoberta
Pra sempre receber tais inspirações
mantenho sempre a porta aberta
Anorkinda
....................................................................
Pérolas da vida
Pérolas a mostra
abertas a vida
Ventania me apanha
o frio me acompanha
Desafio da transparencia
desabrochada essencia
Riqueza desta experiencia
Realizada sem falsa prudância
Aberta a vida
perola a mostra
Sintonia me acompanha
o amor me apanha
Anorkinda
.......................................................................
Pétalas no meu caminho
Vermelhas
são as pétalas do meu caminho
de amor
Rosas
são as pétalas dos meus dias
mais felizes
Amarelas
são as pétalas do meu pulsar
em euforia
Azuis
são as pétalas dos dias
de suspiros
Brancas
são as pétalas nos caminho
das doçuras
Anorkinda
.......................................................
Planeta água
Envolvida nas águas
planetárias
abrangência de vida
Absorvi as essências
purificadas
manifestadas em vidas
Em minhas águas
libertárias
presença sobrevivida
Devolvo a fluência
das palavras
ceifadas ainda vívidas
Redimida às águas
benditas
sou pétala de vida!
Anorkinda
...........................................................................
Plantando em nuvens
Minha criança é plantadora
em nuvens ela planta sonhos
em sonhos ela planta poemas
em poemas ela encanta...
Minha criança é sonhadora
nas nuvens ela sonha planetas
em planetas ela sonha estrelas
em estrelas ela acalanta...
Minha criança lavradora
nas nuvens colhe desejos
nos desejos colhe alegrias
nas alegrias colhe amizades
nas amizades ela agiganta!
Anorkinda
..........................................................................
POEMA ADORMECIDO
Rebuliço
em minhas emoções
novas e refrescantes sensações...
Poema
adormeceu em confusão
não sei direito acalmar o coração...
Sonhou
com novos horizontes
apaixonantes aos montes...
Em nuvens
poema não quer acordar
na companhia de anjinhos a brincar...
Chá de sumiço
em meu coração criança
não sei onde formatar tanta esperança...
Anorkinda
.....................................................................
..................................................................................
Ponderamento
Vida louca vida
me rebate as imagens
sem brilho e sem movimento
Tempo curto tempo
me dispersa em viagens
sem volta e sem tormento
Tédio longo tédio
me dispensa em bobagens
sem saida e sem salvamento
Amor sublime amor
me arremate as blindagens
sem dúvida e sem arrependimento
Anorkinda
...............................................
Poros e pétalas
à luz do sol
minhas pétalas
sorriem
à luz da alvorada
meus poros
brilham
à luz das amizades
meus poros
sorriem
à luz do amor
minhas pétalas
brilham
Anorkinda
....................................................................................
Posso também
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Pousada em tua flor
Pressenti um aroma
de cores deslumbrantes
Ressenti ao sol
e retornei às pétalas
do amor resplandecente
Aprendi o voo
das irmãs borboletas
Apreendi o sabor
das esferas sutis
do mais puro sentimento
Anorkinda
............................................................................
Pré-adolescente
Só olhares foram os amores
Daquela pré-adolescente...
Só esperança foi aquela criança...
E seus amores recém-nascidos.
Só detalhes ficaram dos amores
E daquela pré-adolescente...
Só lembrança ficou daquela criança...
E de seus amores recém-nascentes.
Anorkinda
.........................................................
Precisa saída
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..................................................................................
Preste bem atenção
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...........................................................
...................................................................
Quando estou em pedaços
Pedaços de mim
por vezes perdem-se
em reminiscências
Por vezes sem fim
descuido-me e
creio em coincidências
Mas alerto enfim
e recolho o que espalhei
em displicência
Anorkinda
................................................................
QUANDO NASCER O OUTONO...
Quando a Natureza
começar a preparar
a estação mais fria,
a viagem vai começar...
Amarelada viagem,
em busca de aragem,
reencontro comigo
à procura de abrigo...
Quando o outono
vier a nascer
com cara de sono,
vou amanhecer...
Dourado amanhecer,
despertando o meu Ser.
Completo o destino
na trilha do feminino...
Anorkinda
...........................................................................
Quase
Sou botão quase a se abrir
Sou pendão pronto a colorir
Estou à espera do amor
Estou preparando o sabor
Sou pétala encolhida
Sou flor levemente colorida
Estou pronta, amor
Estou apurando teu sabor
Anorkinda
......................................................................
Quase poesia
Me dividi em personalidades
mesmo sendo única
Me perverti em pluralidades
mesmo querendo o Um
Me permiti tonalidades
mesmo querendo a monocromia
Me perdi em superficialidades
mesmo sendo quase poesia
Anorkinda
.................................................................
QUEBRARAM-SE OS CRISTAIS
Lá do tempo da amizade
veio um frescor
anunciando
novidade
Era o sopro da saudade
veio em pé de vento
arrastando
afetividade
Quebraram-se os cristais
a discrepência em
lufada forte
foi demais
Lá dos tempos imortais
a inconstância
dos amores
enviou sinais
de que nada adianta mais!
Anorkinda
........................................................
Quero deixar
A lembrança de meu olhar
que pousou docemente
em pessoas
em lugares
em palavras
Quero deixar
A lembrança de minha voz
que falou docemente
de histórias
de memórias
de paisagens
Quero deixar
A lembrança mais fugaz
do que falei bruscamente
sem razão
sem paixão
sem paciência
Quero deixar
A lembrança mais salutar
do que vi rapidamente
sem emoção
sem atenção
sem participação
Talvez, assim, salvar
o que dei de mim
quando passei por aqui
Anorkinda
.........................................................................
QUESTÕES
Quem fui no passado?
O que será de mim?
Quem sou eu?
Ou quem serei eu?
Quanto tenho trabalhado!
O que farei de mim?
O que sou eu?
Ou o que serei eu?
Nestas questões tenho meditado...
Sei que Deus cuidará demim!
E quem sou eu
E o que serei eu...
Descobrirei por mim!
Anorkinda
.......................................................................
RECREIO E ESTEIO
......................................................
Redomas de vidro
Não foi possível
deixar de ver
deixar de tocar
deixar de viver
Eu vi a vida
Toquei o mundo
Senti os gostos
de tantos perfumes
Não é possível
evitar a dor
evitar o amor
evitar a ira
Ainda assim
eu sonho a vida
eu amo o mundo
sem as redomas de vidro
Anorkinda
..............................................................................................
REFEITA
Deixo...as entranhas da terra me possuírem
E perpassarem em mim suas energias
Clamo...pelos raios do céu em vertigem
Para transpassar em mim suas forças
Vibro...com os fluidos do ar na paisagem
Na emoção de passar por mim seus vazios
Oro...os clamores da alma a me saírem
A ultrapassar em mim todos os lamentos
Anorkinda
.........................................................
REFLORESCER DE MIM
Percebo-me aquietada
Rendo-me à vida
Enleio-me fragmentada
São muitas partículas
compartilhadas
nas minhas caminhadas
Pedaços meus avivados
nos corações
dos amigos acalentados
São muitos amores
abençoados
nos meus predicados
Reconheço-me amada
Abro-me à vida
Batizo-me flor encantada
Anorkinda
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REGATO
Com a calma das águas tranquilas
Conversam os passarinhos...
me traduzem
As emoções nem sempre claras
Amenizam-se em carinhos
elementais.
Com as verdes paisagens
Conduzem-se sonhos
originais.
As solidões nem sempre tristes
Alimentam os ninhos...
me acolhem.
Anorkinda
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RELÍQUIAS DO ASTRAL
daqui de onde vejo meu destino
emaranhada nas minhas próprias
desatenções e desatinos
em cada viagem astral
embriagada em amor-próprio
visões em nada surreais
pressinto o amor mais puro
embrulhado nos seus próprios
diapasões e tons duros
relíquias apanho no final
embaralhadas e impróprias
palavras e emoções especiais
Anorkinda
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REMINISCÊNCIAS
Levemente
pequenos detalhes
vem à tona
Suavemente
a brisa da saudade
sopra suspiros
Sutilmente
vens atordoando
reminiscências
Aleatoriamente
troco as lembranças
por sorrisos
Anorkinda
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RENÚNCIA
Renuncio hoje
Ao dia de chuva frio
Ao beijo sem gosto frio
Ao poema sem vida frio
Às madrugadas de chuva frias
Às amizades sem gosto frias
Às rimas sem vida frias
Renuncio ao desamor
Ao teu falso calor
Ao teu puro torpor
Escolho o movimento de amor
O abraço com calor
O amigo sem falso pudor
Anorkinda
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REVERDECIDA
Em nova vida
reverdejante
inspiro o ar
tão líquido
da aurora
Em novo sopro
revigorante
expiro o ar
tão verde
da esperança!
Anorkinda
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Reviravolta
É quando o mundo
faz um volta
completa
e eu
discreta
a zero grau,
lanço-me, solta
no amor profundo
Anorkinda
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REVOLUÇÃO MENTAL
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RIO DA TRISTEZA
Rio da tristeza
Rio da beleza
Rio de mim
Rio de ti
Rio rio
Rio que flui
Tranquilo
Tristeza
Segue
e só
E deságua
solitariamente
nas profundezas
de um oceano azul...
bem distante de mim!
Anorkinda
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Ros'amor
Me oferto a ros'amor,
colhida ainda tenra
e orvalhada de luz.
Me inspiro, furta-cor,
acolhida e bem-vinda.
Minha vida me honra
à felicidade a que faço jus!
Anorkinda
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Vou andando
Ao objetivo, seja ele claro
ou algo pressentido
pelo meu apurado faro
Vou andando, tranquila
permitindo o preparo
adequado desta trilha
Ao subjetivo destino
modero a pilha
de energia e motivo
Vou andando, madura
moderando o tino
pincelado de loucura
Anorkinda