META-SONETOS
À poetisa
Do teu jeito,
escrita, poesia,
texto em talhe
feminino...
Renasceu o céu,
com efeito,
capricho e detalhe.
Você, alegria
transcrita
em verso afeito
ao destino...
De amar ao léu,
o belo em seu nicho,
cuidadoso respeito.
Anorkinda
................................................................
Afogamento
Num rio-mar de esperanças
meu coração afogou-se...
Queria nadar em temperanças
mas,nada, perturbou-se...
Em busca de ser feliz
meu coração enganou-se...
Queria navegar, aprendiz
mas da rota desviou-se...
O norte seria o paraíso,
ah...antes fosse
num lindo e curto indriso...
Mas em naufrágio completo,
quem dera não fosse,
submergiu neste triste soneto...
Anorkinda
.................................................................................
Devaneios em poesia
Borbotões de palavras portuguesas
Emoções quase traduzidas em palavras
Cascatas de letras digitadas e acesas
Insensatas definições juntando letras
Quase ao acaso nascem versos
Frase amalgamada por acaso
Sonho poesia de olhos abertos
Ponho brincadeira no chão da poesia
Devaneios da poetisa louca
amante do inusitado
Receios de louca voz rouca
Passeios em rima torta
diamante ritmado
Floreios da torta letra morta
Anorkinda
...............................................................................
DILÚVIOS DE INCOERÊNCIAS
Foram muitos dias de chuva
Choviam cântaros de incoerências
Ouviam-se gritos em recorrências
Murmurava-se em decorrência
Isto servia-me como uma luva
Discorria-me em reminiscências
Abrandavam todas as cadências
Soluçavam loucas, as dormências
Escorriam uma a uma
as sombras e máscaras
das mais falsas eloquências
Deliravam na bruma
as sedutoras metáforas
assassinas da espontânea fluência
Anorkinda
................................................
Épicas rimas
As rimas, rachadas,
pela seca poética,
despreocupam-se
com a lucidez.
Desandam em acidez,
a retemperar
os versos,
sem ética.
Inspiram estupidez,
a divertir-se,
desbragadas.
As rimas, desvairadas,
soluçam universos,
realeza épica.
Anorkinda
....................................................................
MEU SONETO
Meus versos se fazem sozinhos
dentro da noite de meus devaneios
Minhas rimas fazem seus ninhos
no sol ofuscante de meus anseios
Por vezes não sei onde chegar
na inspiração que me domina
Por vezes me vejo espantar
com a poesia sem rima
Quando quero sonetar
o verso larga na frente
e galopa num soprar
Quando penso em transbordar
alguma emoção direcionada
a rima foge em ágil debandada
Anorkinda
...........................................................................
Moinho de versos
O verso não nasce sozinho
O poema tem boa companhia
O inusitado pode ser mania
O mote pode ser torvelinho
A poesia parece burburinho
A rima quase sempre desafia
A solidão se apresenta fria
A palavra apresenta alinho
O sonho deseja carinho
O amor enseja harmonia
O texto é o caminho
A carícia faz seu ninho
A derrota desfaz da ironia
A história é seu moinho
Anorkinda
.........................................................
OS AZUIS OLHOS DO VERSO
Trazendo a paz do azul celeste...
Lindos olhos do verso, empreste
Tua infinitude diáfana e perene,
Entregue à musa-poesia selene
Abençoando o poeta sincero...
Azuis olhos do verso, esmero
Do artesão maior, tempere
O sabor do poema que difere
Ultrapasse os entendimentos
E devolva o lirismo da vida
Simples dos elementos
Estremeça os limites
do teu firmamento
e deixa que te imites
Anorkinda
...........................................................
POEMA PEDRINHA
A cada verso, construção
em novas ou velhas rimas
minha vida se refaz, grão
das semeaduras íntimas
A cada prosa, invenção
em novas loucas fantasias
minha trilha se recria, chão
de aventuras e manias
Como a pedrinha
fundamental,
a poesia sozinha
Conduz meu passo
pessoal...
Poema, vivo compasso
Anorkinda
........................................................
Vamos?
Vamos navegar utopias
e fazer poesias
sentindo a brisa
que à alma ameniza?
Vamos voar em idílios
e doar estribilhos
às canções de amor
que compomos em louvor?
Vamos caminhar juntos
e dar as mãos
como verdadeiros irmãos?
Vamos deslizar os assuntos
e começar sem rodeios
a alterar os fins e os meios?
Anorkinda
..................................................................................
Vontade...
Vontade de escrever um poema de amor
mas amor de quem resplandece por inteiro
amor do enlevo que faz flutuar com o cheiro
que ficar no ar, perfumando até o sabor
Vontade de viver um amor de poema
mas poema deslumbrante de vida nova
poema testemunho do amor que se prova
que delicia no olhar, de ler sem esquema
Quero amor leve e de letras móveis
um amor desatinado de surpresa
sem fôlego para paixões solúveis
Quero amor sem razão e cobrança
o amor que põe na mesa
as incoerências desta contradança
Anorkinda