de M a R
Mãezinha Novilha
Certa noite, vieste me dizer
das coisas sagradas
do meu lar
Por amor, vieste me abraçar
e sua força
me doar
Por dias, ficaste comigo
com teu amor
a me preencher
Agradecida eu fico
sem ter como
agradecer
Mãe Novilha, abrigo
meu doce ninho
de bem-querer
Anorkinda
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Meditação xamã
A lua em céu azul
um ponto de magia
a força telúrica
que do céu irradia
A água tranquila
espaço de harmonia
a energia mediúnica
que da terra alivia
As asas e nuvens
figuras em desfile
a pintura única
que no céu imprime
imagens impermanentes
As folhas e flores
inspiram um filme
a brisa é música
que na terra exprime
tons transcendentes
Anorkinda
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Meu deserto pessoal
Neste processo caminhada na areia
Vislumbro ancestrais vivências
Pressinto o poder do vento
A força de todas as montanhas
No meu retrocesso aparente
Recebo a visita da águia
Reflito na luz da branca lua
Cheiro de terra e de tribo
Com os passos em areia quente
Imagino o frescor da floresta
Acompanha-me o cervo protetor
E a fímbria pungente de meu amor
Anorkinda
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MEU NOME
gravado no papel meu nome é Neide
entranhado na minha história é Anorkinda
pedaço do papel que represento com deleite
esculpido na minha memória que não finda
reavivado nome xamânico dos meus dias
superficie indígena onde me revelo
espirito renomeado nas noites frias
pedaço do meu ser que é mais belo
sem pestanejar dedico minha filiação
na terra do branco vindo do sul
uma alma antiga cheia de vibração
é com um grande festejar que abdico
do nome Neide personalidade útil
mas Anorkinda revive e a ela me dedico
Anorkinda
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Minhas animais-energias
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Mistérios
Velados
em cemitérios
Os segredos
de tantos impérios
Como puros
minérios
Selados na terra
sem refrigério
Estão lacrados
grandes mistérios
Anorkinda
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Na força indígena da lua
Em felina companhia
te achegas, sussurras...
Dispões teus ensinamentos,
na força índigena da lua.
Em agradecimento, sintonia,
me presenteio... Murmuras
lições ao sopro dos ventos.
Em divina lealdade
me nominas, abençoas...
Depões teus poderes
na fé de me renderes, tua.
Em correspondência, sadia,
te enleio... Perdoas
as comoções dos sentimentos.
Anorkinda
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Nativa lua
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Nativa lua ll
De vez em quando converso com a lua
eu conto de minhas trilhas e pesares
ela escuta sem demonstrar enfado
De vez em quando à luz da branca lua
celebro antigos ritos em agrado
De vez em quando uma sombra de amor
faz-se visível sem esforço ou suor
De vez em quando a força do amor
que eu trago no peito a pulsar
me declara amante da luz
Anorkinda
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NATIVO ENCANTAMENTO
Ah...o indígena que encanta as estrelas
que olha além do infinito
vê a profundidade da beleza
e decifra os códigos da escuridão
quisera eu ter centelhas
de um sangue bonito
nativo e integrado a natureza
e calar assim meu coração
ah...coração que ouve estrelas
que sussurra bendito
palavras de imensa tristeza
e propõe ao céu uma solução...
pudera eu criar parelhas
de verso bonito
ritmado e cheio da certeza
de alcançar minha devoção!
Anorkinda
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NESTE TEMPO
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No abraço do urso
Oferece sadia
constância
e a teimosia
de continuar
Sobrevivência
na influência
desta energia
ímpar e solar
Oferece à Terra
união que encerra
a sabedoria do lar
Poder que abraça
Urso, animal raça
de equilíbrio exemplar
Anorkinda
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Oferenda
Ofereço minha dedicação
a ti, animal do meu poder
Ofereço minha vocação
a ti, poder do meu Ser
Ofereço minha devoção
a ti, Ser do meu querer
Ofereço minha celebração
a ti, força do meu viver
Anorkinda
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Soneto de devoção
Conectado à rocha
e sua força elemental
Suplico, devocional
a cura ancestral
Condensado às nuvens
e sua leveza incidental
Corrijo, eloquentemente
os erros inconvenientes
Ajoelhado a teus pés
Grande Espírito
Perdoo o mal
Abdicado das dores
te sirvo, contrito
teu servo consciente
Anorkinda
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Urso do Poder
De um tempo de resgate
à energia do urso unida
me vi vencida em combate
aprendi a lição da vida
De ser forte, irredutível
em minha força de vontade
e sentir a intransponível
medida de toda a verdade
Somos Um e onde estás
Grande urso do Poder
estou também, em paz
em teu amor a me erguer
Anorkinda