M a R

 

 

Manhãs de abril

Amanheço com o frescor dos orvalhos
e me rendo ao pulsar das lembranças...

Meu olhar se perde nos retalhos
de velhas roupas-desesperanças...

Acordo sem vontade e sem medos
apenas recordo nossos momentos...

E pergunto aos meus arremedos
por que em abril, ardem-me os fragmentos?

Anorkinda

...........................................................

 

Manhãs musicais

Minhas manias musicais
Minoram
meus martírios

Meus momentos musicais
Melhoram
minhas melancolias

Minhas manhãs musicais
modulam
meus murmúrios matinais

Anorkinda

.............................................


 Mandala Olhos

Em progressão
a boa sorte
vai ampliando
minha visão

Das más energias
protegida
vou meditando...
as mãos frias

Em satisfação
a mandala
vai adentrando
minha intuição

Dos nós aparentes
libertada
vou realizando...
as mãos quentes

Anorkinda

........................................

 

ME APAIXONEI

Me senti
Me sorvi
Em deleite

Me verti
Me venci
Com coragem

Me revelei
Me apaixonei
De verdade

Me rebelei
Me aprimorei
Determinada:

A nunca mais
ser podada
ser anulada

A jamais
Ser escrava
Ser usada

A amar mais
Ser completa
Ser humana

Anorkinda

.................................................

 

Me desisti

Eu já não estou aqui
nem em lugar algum

Eu já não sou alguém
que eu reconheça

Eu já me considerei
uma pessoa comum

Eu já me vi por aí
sofrendo à beça

Eu já me vi também
sendo mais de um

Eu já me desisti
e peço...por favor, me esqueça!

Anorkinda

.............................................................

 

Me jogo na vida

A boa sorte me pisca
a cada vez que sorrio
Nunca apostei à risca
apenas fluí como um rio

O encanto da vida
me fez ternura
Paixão aquecida
na brasa mais pura

Descobri que não finda
Esta estrada bem-vinda
Esta festa-luzeiro

Cantei as fantasias
Me vesti de manias
Me joguei por inteiro

Anorkinda

.......................................................

 

Medos

Escorreguei
no azul do firmamento
vibrei nas luzes
do entardecimento
de mim

Parei
no branco reluzente
suguei os ares
do poente
a cores

Recordei
do frio do amanhecer
chorei os medos
do nascer
de novo

Anorkinda

......................................................................

 

Mergulhando em Nada

Quis enveredar-me pelo Nada
aquele que existe em tudo
todas as coisas e seus vazios

Fiz ali vertente de versos
daqueles que falam tudo
todas as emoções traduzidas

Mas percebi-me cheia
repleta de elementos

Descobri-me no infinito
de todas as possibilidades

Matriz dos sentimentos todos
o Todo que faz-se Nada
no vazio de todas as coisas

Aprendiz de mim mesma
versei em vácuo e luz
emocionei-me em totalidade

Anorkinda

..............................................................................

 

Mergulho da Deusa Lua

Em águas banhadas pela lua, submergi
Envolta por elas muito aprendi
Das lições do amor desaguado
Nas friezas da solidão gelada

Em noite de lua cheia, emergi
Revestida de encantamento, sorri
Bálsamo em mim foi jorrado
Fé no amor enfim recuperada

Sinto a força da vida
Convertida em deusa esqueci
Da lágrima sofrida

Ergo uma prece ao firmamento
Invoco os poderes que adquiri
De divindade em renascimento

Anorkinda

.......................................................................

 

 MEU BRILHO É CRISTAL


Derramei todo o choro dos séculos
que me arrastavam dormente
Empunhei a espada de corte
para livrar-me de toda corrente

Captei a essência dos elementos
que me enlevavam sorridente
Destronei o ego mais saliente
para aliviar-me da má-sorte

Venci ressurgida no brilho
cristal límpido da aura
Surgi com novo estribilho

Agora canto a aurora
dourada radiante
A hora plena não demora

Anorkinda

..............................................................

 

Meu coração chora

Quando meu coração chora
Só minha própria mão
o consola

Quando meu coração pulsa
torto de dor-ilusão
ele chora

Quando meu coração vibra
sem ritmo-alegria
ele me chama

Quando meu coração grita
agonias de perdas
ele me aperta

Quando meu coração quebra
Só meu amor-próprio
o cola


Anorkinda

.................................................................................

 

Meu feminino

Deste lado do universo que é feminino
Penso, sinto e observo de forma pueril
As dores e manias do meu desatino
Me revelam ou escondem, diferença sutil

Atitudes tão particulares e tão minhas
Universo interior e alma transcendental
Fêmeas subjetividades mesquinhas
Sujeitam as formas e a atividade mental

Devaneios de uma mulher insone
Como é o meu feminino?
Receio que em nada me consome

Livre de rótulo transliterado
Sei onde estou catalogada?
Graças a Deus que não, obrigado!

Anorkinda

.............................................................................

 

Meus respeitos...

Me chamo Anorkinda
agradeço sua atenção
nada tenho de linda
mesmo sendo sincera sua admiração

Meus defeitos...

Se perdoam uns aos outros
eu os esqueço, muitas vezes
é quando eles aprontam, soltos
uma quantia inapropriada de reveses

Meus sujeitos...

Me chamam por detrás
dos verbos que atuam
ora indefinidos em sagaz
ardil para as luzes que se ocultam

Meus trejeitos...

Se acusam inseguros
sem versos inseridos
mesmo quando, em apuros
a poesia da vida me grita aos sentidos

Anorkinda

....................................................................

 

 

MEUS SONHOS

Meus sonhos incoerentes
desfilam suas cores
em noites abafadas
cheios de amores

Meus sonhos inconsequentes
jogam-se em penhascos
desfiladeiros impossíveis
fico arrotando seus ascos

Meus sonhos incompetentes
caem no poço fundo
das incompreensões
perdem o mundo

Meus sonhos ardentes
saem-se bem aptos
a queimar os anseios
fico suspirando seus feitos

Meus sonhos viventes
dançam abraçados
todos os dias...
realizados!

Anorkinda
 

 

........................................................

 

 

 
Meus sonhos
 
Ando por trilhas, travessias...
Flutuo, às vezes desperta,
inspirando travessuras
 
Outras vezes choro...
Suo, quando o medo aperta,
recitando chorumelas
 
Sonho milhas, estradas...
 
abraçando anjos e fadas
 
Anorkinda

...................................................................

 

 

Minha aurora
 
Conheci o bonito
despedir da noite
frio e negro infinito
 
Escolhi ir embora
da vida decidida
por outros, lá fora
 
Quero a aurora
escolhida por mim
onde a lua ancora
 
Espero cumprir o rito
do amanhecer pleno
de uma vida sem conflito
 
Anorkinda

.................................................

 

Minha casinha

A energia me abriga,
acolhe e conforta.
As flores exalam
companhia...

A casinha me abriga,
me abre sua porta.
As luzes estalam
felicidade!

Anorkinda

....................................................................

 

Minha energia Violeta

Na fluidez das sensações
raios violetas e energia
um nascer

Infância de doces emoções
cores violetas e sinergia
um crescer

Nas ondas-manifestações
luzes violetas e letargia
um florescer

Constância em sábias ações
dias violetas e magia
um transcender

Anorkinda

.................................................................................................................

 

 Minha fúria


Resultou em coisas boas
este dia de fúria minha
Os versos, claro, vieram
Os amigos, claro, chegaram junto

Visualizei uma oca pra mim
daquelas do Samaúma, amigo do verde

Idealizei uma Nova Era feliz
daquelas onde nos permitimos tudo de lindo

Mentalizei uma amizade
daquelas Ascensionadas, com os Mestres do Gianfardoni

Enlouqueci mais um tantinho
com Valéria, que de Portugal sentiu o astral

Compareci em várias redes sociais
com Celso, o doutor que auscultou o fragor

Agradeci às risadas e bom humor
da Smyrnh, que apesar de engajada sabe bem do amor

Terminou ou apenas começou?
este tempo em que a fúria minha
Gargalhou dos contratempos
Desprezou os maus momentos

Anorkinda

* citados amigos do Facebook

.......................................................

 

 MINHAS TANTAS ASAS


Nasceram-me 
com os ventos 
do sonhar

As asas de encanto
que me fazem voar

Enriqueceram-me
com os tesouros
do amar

Minhas tantas asas
que me fazem 
versar

Enterneceram-me
com os afagos
do poetar

As rimas coloridas 
que me fazem 
alucinar

Anorkinda

..................................................


Misturo-me às flores

Em dias assim, sensíveis
Como um toque suave
De brisas invisíveis...
Sinto-me afagar

Sintonizo assim, sem dores
Como um murmúrio suave...
Misturo-me às flores
Sinto o germinar

Fluem assim, amores
Como brotos suaves
Pétalas inefáveis...
Sinto-me celebrar!

Anorkinda

...............................................................................

 

Moldura

Quando um sentimento toma forma,
meu peito soluça cores e tintas
e transmuto as paixões
em tela muda...

A moldura retém
a enxurrada de emoções....

Anorkinda

....................................................

 

Mostrei meus sonhos

No voo da borboleta
Inscrevi um passeio

Na sua asa colorida
Antevi um floreio

Mostrei meus sonhos
E cuidei do recheio

Ganhei duas asas
de liberdade e ponteio

Em viagem bonita
Ignorei o que era feio

Em vida de borboleta
Configurei meu esteio

Anorkinda

...................................................................

 

 

Movimento de felicidade
 
Suprida de coragem
minha alimentação
é receita de liberdade
 
Carregada de amor
minha pilha
é energia de liberdade
 
Munida de determinação
minhas armas
são gatilho de liberdade
 
Assim movimento a felicidade
 
Anorkinda
 

..........................................................

 


Muito/pouco

Sigo falando...
pouco

Sigo sentindo...
muito

Sigo pensando...
muito

Sigo chorando...
pouco

Sigo amando tudo!

Anorkinda

 

.................................................................

 

 Na imensidão do...


Na imensidão do tempo
te quero feito lamento
que não se cala ao vento

Na imensidão do firmamento
te desejo como passatempo
que diverte todo tormento

Na imensidão do amor
te quero em langor
que apura o sabor

Na imensidão do Senhor
te desejo benfeitor
que reconhece meu valor

Anorkinda

...........................................................................

 

Na leitura

Quando muito emociono
numa leitura

e pode ser história simples
de água com açúcar
bem melada de lugar-comum

ou enredo denso, filosofia
ou uma falsa biografia
ou mesmo uma aventura, mistério

sorrio e, sem querer, atraio
seres de alma pura

Anorkinda

......................................................

 

Não sei ll

Não sei se a vida
é pouco ou demais
para mim

Não sei se a ferida
é profunda demais
para mim

Não sei se a guarida
é pouco segura
para mim

Não se a saída
é complicada demais
para mim

Não sei se a vida
reserva surpresas demais
para mim

Anorkinda

...............................................................................

 

Não sou só de poesias leves!

Minha alma também golpeia com força
O âmago de questões controversas
Um grito eloquente nas conversas
Onde minha vontade se reforça

Meus versos também tem luta
A ânsia de desejos sufocados
Rimas de corações compartilhados
Onde expresso em pedra bruta

Minha poesia nada leve
A busca de mais respostas
As angústias por mim impostas
Onde libero meu ódio breve

Anorkinda

...................................................................

 

Nas noites

Em noites de minguante lua
espaireço e saio à rua

Em noites de vento quente
enlouqueço, demente

Esqueço os endereços
e pago todos os preços

Em noites de cheia lua
adormeço semi-nua

Em noites de geada fria
reconheço a nostalgia

Entorpeço meus apreços
e retiro-lhes os adereços

Anorkinda

.....................................................................


 NASCI EM 72


Acho que eu não teria
a minha calma
se eu fosse jovem
nos anos 70...

Eu sentia a efervescência

Eu vivia a fantasia
do Sítio do Pica-pau Amarelo
mas eu sabia de pessoas boas
que foram presas

Eu acompanhava os passos 
da música I love to love
imitando os adolescentes
mas me entertia mais
com a Susi de bicicleta

Minha boneca era loira
e ria sozinha
mas eu ouvia o grito 
rebelde de Raulzito

Eu sentia a efervescência

Eu via uma aura
colorida nos céus
daqueles anos
apesar das nuvens-chumbo
da censura-ditadura

E do concreto do edifício
de mil apartamentos
e nenhuma folha verde

Acho que e não seria
nada calma
se eu fosse jovem
nos anos 70...

Anorkinda

..................................................................

 

NASCIMENTO

Das águas gestoras,
barrriga de mãe...
Não tenho lembranças
mas moldaram-me.

Do choro primeiro,
fôlego no pulmão...
Não guardo memória
mas impulsionou-me

Das mãos brandas,
carinho de mãe...
Lembro na pele...
Preencheram-me de amor.

Anorkinda

.............................................................

 

Neblina

Fria neblina insere-se...
Condensa o sentimento...
Faz-me melancolia...

Frio cinza alastra-se...
Compensa o esquecimento...
Traz-me o fim de um dia...

Fio raciocínio difere-se...
Começa um tormento...
Dilui-me em agonia...

Fria alma abandona-se...
Coleta um pensamento...
Possui-me em nostalgia...

Anorkinda

...................................................................


Necrológios

Junto-me ao poeta
de minha terra
em Quintanares

A maldizer
dos relógios
abjetos necrológios

Junto-me à natureza
e sua grande beleza
em terras e mares

A desprezar
o ponteiro das horas
marcador de demoras

Junto-me aos anjos
e todos arcanjos
em louvores

A marcar
meus passos
no compasso

contínuo das esferas!

Anorkinda

............................................................

 

 

Negro desejo
 
Quisera ser da noite
as trevas silenciosas
Nunca estrela, brilho
ilusório, empréstimo
 
Quisera ter no corpo
o universo infinito
Nunca pequena, frágil
vulnerável, átimo
 
Quisera ver o futuro
dentro deste escuro
Sem sol ou perspectiva
 
Quisera crer na alma
adormecida sem trauma
sonho ou vã expectativa
 
Anorkinda

.............................................................

 

NESTA PAZ

Neste globo onde me insiro
Vivo cada ponto do meu dia
Caminho, colho e transpiro

Neste ano que respiro
Sinto cada sopro nostalgia
Escrevo, sorrio e suspiro

Nesta paz em que silencio
Viva beleza do meu dia
Desejo, espalho e balbucio

Nesta poesia meu vício
Sentido em nostalgia
Recolhe, abranda , resquício

No ano novo que se inicia
Vívido e sedento por cada dia
Sonhos doces que nada sacia!

Anorkinda

..........................................................................

 

NO ESCURO OFUSCANTE

Dentro de uma caverna intrigante
Encontrei um diamante!

Foi uma descoberta importante
E o mais impressionante
É que não era uma pedra grande
Seu brilho é que era gigante!

Guiava-me, dali por diante
Com aquela luz cativante
Em uma viagem fascinante
Pelo escuro ofuscante.

Anorkinda

........................................................


No interior

Sentia frio...tremia...
Imenso corredor
aquele...

Fazia vento...assovios...
Intenso corredor
aquele...

Sentia medo...tremia...
Escuro interior
aquele...

Fazia tempo...eras...
Procuro um refletor...
longo corredor...

Senti a força...luz...
Bálsamo de amor...
fim do corredor.

Anorkinda

..........................................................................................


 

No meu retrato não vês

Diverso do que vês no meu retrato
que nem na parede estará
Eu me faço nuvem, ousadia de voar
Isto a lente não captará

Diferente do que aparece naquela foto
que nem ao futuro ficará
Eu me faço árvore, necessidade de enraizar
Isto o foco não definirá

Como arte da natureza, traço
o risco que me definirá
Mas também disto a máquina
de mim, não saberá

Como parte do mundo, marco
o ponto que me formará
Têxtil destino nos franzidos
da vida que me subordinará

Anorkinda
 

 

...........................................................................

 

NOVA

De mim,saíram em revoada
as razões de um viver
as rusgas de conviver
as regras de um saber

Me vi celebrar, em alvorada
flores de um reviver
festa de renascer
fagulhas de um novo amanhecer!

Anorkinda

.....................................................

 

 

NUM SÓ

Nós dois num só corpo
pois do êxtase criou-se
o Elohim do amor

Nós dois num só sopro
pois da chama exalou-se
o Prana do amor

Nós dois num só viver
pois do querer desenhou-se
o Caminho do amor

Nós dois num só sorver
pois do prazer elevou-se
o Sentido do amor

Anorkinda

 

............................................................


 

O ACONCHEGO DE SEMPRE

Parecia mesmo obscessão
tanto querer a verter
sempre o mesmo alvo
minha paixão por você
não lhe deixava a salvo

Acontecia o mesmo 
do teu lado do querer
sempre a me acertar
mira certa, coração
não me deixava escapar

O tempo foi passando
e este jogo louco
nunca terminou

A gente aconchegou-se
um dentro do outro
sempre se amando

Felicidade é rotina
no nosso dia-a-dia

Novidade é a fantasia
que brilha nossa retina

Anorkinda

 

........................................................

 


O giro da sombra

Mesmo rodando
ritmo sideral
elipse segura
nunca à mostra
o lado escuro

Mesmo às rodas
na vida normal
algo insegura
nunca demonstro
o que é obscuro

Arriscaria
o equilíbrio
de minhas marés

Espantaria
o voo bonito
de minhas fés

Anorkinda

.........................................................

 

O AVESSO DO AMOR

Procuro fórmulas
formas gastas
de ilusão...

Deparo com névoas
pudores largos
sem imaginação...

Reviro antigos baús
temores fartos
de escuridão...

Descubro vestidos
tecidos vastos
sem decoração...

Reparo no avesso
da roupa mofada
de solidão...

Suspiro lembranças
momentos puídos
sem coração...

Assovio com gosto
pequenos ruídos
de emoção...

Permito novas ideias
alguns pruridos
sem perfeição...

Declaro extintos
amores roídos
de sedução...

Anorkinda

......................................................

 

O MEU CANTO

Ao olhar para a luz
que me acompanhava
sempre e sempre

Senti-me a entoar
um canto inebriante
era o meu canto

Melodia a vibrar
as cordas do meu Ser
a despertar-me

Ao misturar-me à luz
que insistente pulsava
inspirei meu canto

E assinei-me:

Anorkinda

..................................................

 

O MEU SONHO

No meu sonho vivo
Acordo
e rebolo

Em sonho sigo
Pinto
e bordo

Em sonho vivo
distraio
o pensamento

No teu sonho
compartilho
um momento

De sonho em sonho
Transpiro
a poesia

Anorkinda

......................................................

 

O MEU VERDE

do meu universo verde
explode a luz.
do universo, meu poder
expande em luz...

de minha essência verde
brota a luz.
da essência, meu poder
brinca em luz...

da minha magia verde,
recheio de luz.
da magia, meu poder...
rastro de luz!

Anorkinda

..............................................................

 

O que me dá prazer

O que você vê?
Meu rosto, meu riso?

O que você sente?
Minha paz, minha fome?

O que você conhece?
Meu nome, meu poema?

De tudo o que eu sou
Vês que porcentagem?

Do que há em mim
Dôo o que me dá prazer!

Anorkinda

....................................................

 

O que se leva da vida

Da vida se leva
ela própria
A vida é sempre
nossa

Na vida eu levo
a mim
A vida é sempre
minha

Da vida nada se leva
porque dela
Não se escapa

Na vida eu levo
os amigos
grudadinhos no coração!

Anorkinda

.................................................

 

O vento no tempo

O vento na vela
impulsiona
à deriva na água
da vida

O tempo me solta
e aprisiona
à resposta do rumo
do amor

A vela ao vento
abandona
a espera na água
do amor

Solta no tempo
sou dona
da nau e do rumo
da vida

Anorkinda

..................................................

 

O Voo das lembranças

A aura era lilás
o lilás dos mistérios...
E de repente me vi
abrindo um baú interior...

A primeira lembrança
que voou faceira,
foi de meu vestido
de bolinhas...
De uma fase vaidosa.

Junto a ele estava
a caixinha branca
de bijouterias...
Com gaveta e figurinha.

Depois vieram lágrimas
a querer expurgar
dores passageiras...
Daquelas que criança
verte sem querer.

A cachorrinha Lolita
veio, meiga, ladrar
com saudade do tempo
em que era filhote...
Muito dengo recebia.

Junto dela os canários
Espoleta e Camões
cantaram alto...
Como nas tardes febris.

Minha vó passando roupa
e meus desenhos a giz
espalhados sobre a mesa...
Rabiscos de doce sabor.

Foram os flashs mais vivos
que voejaram a minha frente...
Fechei depressa esta fonte
inesgotável de saudades...

Anorkinda




 

........................................................................

 

OCORRÊNCIAS

Apagaram-se
os registros do que vi
minhas visões exteriores

Zeraram-se
os amores que vivi
minhas ações anteriores

Cobriram-se
as ilusões que inscrevi
meus planos inferiores

Cantaram-se
as músicas que escrevi
minhas melodias interiores

Abrandaram-me
os ventos que sorvi
nos planos superiores

Versaram-me
as líricas que absorvi
nos dias posteriores

Anorkinda

.........................................................................

 

 Onde está meu planeta?



Lá deixei a rosa preferida
a intimidade de mim...
Meu planeta, minha esfera...
Onde está?
Estou a sua espera!

Lá está meu reino, meu mundo
perfeito em mim...
Meu deslumbre, minha cura...
Onde está?
Estou a sua procura!

Lá estarei agradecida
refeita em mim... 
Meu planeta, minha vida...
logo voltarei
meu céu multicor...

Lá ficará pleno 
tudo em mim ...
Me espere com intensidade...
logo voltarei
meu céu de claridade...

Anorkinda

...............................................................................................

 

 Os ventos nas velas claras


Meu olhar não alcançou a ilusão dos ventos
Nunca fui íntima das horas mais claras
Meu amor reescreveu a lua nova dos momentos
De perdão e ternura com as rimas raras

Meu poema não desprezou o castelo em ruínas
Nunca desisti de sonhar com príncipes
Meu perdão descosturou os nós das esquinas
Da covardia e acariciamo-nos, cúmplices

Para escapar da maldade do mundo
icei as velas da insensatez
A poesia traçou um certeiro rumo

Em versos da cor do puro sangue
saciei-me de brisa e maciez
A vida nunca mais me viu exangue

Anorkinda

.................................................................................

 

Outono da vida

Era um verão simples e lúdico
onde eu vivia como toda criança...
Satisfeita com minhas bonecas,
meus brinquedos preferidos,
estudos prediletos, amigos
e festejos.

De repente ventou e forte!
Um outono mostrou-se
derradeiro pondo fim às ilusões...
Eu, criança mal pude ver
na claridade deste tempo
de revelações.

Caíam de mim, folhas amarelecidas...
Aquelas crenças antigas
caducaram nesta estação da vida.
Fiquei confusa, com medo do vento,
sem saber quem eu era.

Assim, sofrida vi escurecer...
O inverno chegara.
Numa caverna fria e gelada,
me vi abandonada de mim mesma
e chorei.

O tempo parece crescer na solidão...
Os dias e horas foram enormes.
Sem perceber, ali naquela condição,
eu realmente me vi...
verdadeira.

Nada havia a refletir-me, a confundir-me...
Eu era eu e nenhuma influência me atingiu.
Foi gelado, foi duro dormir na rocha.
Me feri no frio cortante desta navalha
de inverno.

Num piscar repentino vi uma cor!
Era uma pequenina flor brotando
no meu coração... Única luz a aquecer
aquele gelado ambiente, minha caverna
interior.

Era a primavera de meus olhos...
De minha vida, rompida no rio
das lágrimas quentes que percebi
reavivarem aquele inverno triste.
Sorri para mim.

E a cada sorriso mais flores despontavam
jorrando de meu coração, iluminando
tudo ao redor, consegui assim
ver a saída.

Flutuando pelo rio, agora de pétalas,
embrenhei-me rumo à vida-luz
que vislumbrava à frente...
vida dourada.

Pleno sol quente de novamente verão
senti no rosto, na pele, nas entranhas...
Eu já não era a mesma criança
do primeiro verão.

Agora eu era a nova criança,
lapidada na fria caverna do inverno,
florescida nas cores da primavera,
abençoadamente

arrebatada pelo mais belo outono que a vida poderia me ofertar!

Anorkinda

........................................................................

 

Palco da vida

Discernir o que é rico na vida
e o que é fugaz, de pouca paz
É tarefa em que eu fico entretida

Redescobrir o que é mentira
e o que é capaz e satisfaz
É a apresentação que me inspira

Expor no palco desta vida
as experiências e todas vivências
É tarefa um tanto atrevida

Dispor do ferimento e curativo
as conveniências e muitas ciências
É a exposição de meu eu criativo

Anorkinda

..................................................................................

 

Pão pão queijo queijo

Quis te explicar
que uma coisa
é uma coisa
e outra coisa...
bem...
pode ser muitas coisas!

Quis te dizer
que pão é pão
e queijo
bem...
queijo pode ter muitos nomes!

Quis te trazer
muitas possibilidades
de ser muitas
coisas
e na vida
ter muitos sabores

Mas do queijo
só conheces
um nome
e na vida
só aceitas
uma coisa:

sempre a mesma coisa!

Anorkinda

..............................................................


 

Partícula

Partícula de sol
Gota d'água da vida
Grãozinho de areia
Pequenina florescência

Sou poeira, átomo
solidão e acanhamento
Sou discípulo, aprendiz
Fragmento transparência

Versículo de amor
Instante do tempo
Eixo em movimento
Faísca incandescência

Sou palavra, verbo
emoção e sentimento
Sou materna, geratriz
Partícula solvência

Anorkinda

 

................................................

 

Passado Presente

Em muitos casos
o passado
insiste em
se fazer presente

Em muitos casos
o presente
insiste agarrado
ao passado

Em muitos anos
passados insisti
em viver o presente

Em muitos anos
ganhei o presente
de apagar o passado

Anorkinda

.........................................................

 

Passos de busca
 
 
Minha busca
é passo de dança.
 
Cada passo
é sapatilha de ponta.
 
Equilibrando
a dor e a esperança,
 
o que se sabe
e o que zera a conta.
 
Anorkinda

...........................................................

 

Passos no escuro

Percorro caminhos escuros
e o medo não me segue
Meu foco é à frente
onde a vista não alcança

Mas posso ver na fé
a  boa claridade
que aos poucos avança

Socorro minhas ânsias
com afagos na alma
Meu passo é lento
para andar mais rápido

Mas posso perceber
a brilhar, a felicidade
em horizonte ávido

Anorkinda

.................................................................

 

 

Pendurada no tempo

Em cadência marcada
batida de espera
timbres

Me provoco alfinetadas
toques de ânimo
estímulo

Em ardência apaixonada
ácida quimera
queimor

Te invoco, poder das fadas
afaste o pânico
em flor

Anorkinda

 

............................................................................

 

PENSANDO BEM

Foram dias difíceis
onde os sentimentos
viraram fósseis

Foram bons momentos
mas tal como mísseis
explodiram tormentos

Pensando bem, nada dóceis
foram meus pensamentos
quando vi teus atos inverossímeis

e me decidi sem mais lamentos

Anorkinda

................................................................

 

Penumbra e eclipse

Quando a alma semi-escurece
acompanhando o caminhar
da sombra terrestre
sobre a lua

O sentimento esconde-se
aninhando-se num lugar
seguro e em teste
saio à rua

confiando à sorte meu deslize

Anorkinda

...................................................................

 

PEREGRINO

É que meu próprio mundo
ficou pequeno
sufocado

É que meu Universo interno
explodiu
expandiu brilhos

É que meu Eu Superior
ficou consciente
despertado

É que meu próprio caminho
se abriu
se curtiu, andarilho

Peregrino das constelações...

Anorkinda

 

...................................................................

 

Perene emoção

Pra sempre fica em mim
a emoção que o amor desperta

Ter amigos no coração
traz minha alma mais esperta

Ter guardadas as paixões
traz minha sensibilidade descoberta

Pra sempre receber tais inspirações
mantenho sempre a porta aberta

Anorkinda

....................................................................

 

Pérolas da vida

Pérolas a mostra
abertas a vida

Ventania me apanha
o frio me acompanha

Desafio da transparencia
desabrochada essencia

Riqueza desta experiencia
Realizada sem falsa prudância

Aberta a vida
perola a mostra

Sintonia me acompanha
o amor me apanha

Anorkinda

.......................................................................

 

Pétalas no meu caminho

Vermelhas
são as pétalas do meu caminho
de amor

Rosas
são as pétalas dos meus dias
mais felizes

Amarelas
são as pétalas do meu pulsar
em euforia

Azuis
são as pétalas dos dias
de suspiros

Brancas
são as pétalas nos caminho
das doçuras

Anorkinda

.......................................................

 

Planeta água

Envolvida nas águas
planetárias
abrangência de vida

Absorvi as essências
purificadas
manifestadas em vidas

Em minhas águas
libertárias
presença sobrevivida

Devolvo a fluência
das palavras
ceifadas ainda vívidas

Redimida às águas
benditas
sou pétala de vida!

Anorkinda

...........................................................................

 

Plantando em nuvens


Minha criança é plantadora
em nuvens ela planta sonhos
em sonhos ela planta poemas
em poemas ela encanta...

Minha criança é sonhadora
nas nuvens ela sonha planetas
em planetas ela sonha estrelas
em estrelas ela acalanta...

Minha criança lavradora
nas nuvens colhe desejos
nos desejos colhe alegrias
nas alegrias colhe amizades
nas amizades ela agiganta!

Anorkinda

..........................................................................

 

POEMA ADORMECIDO

Rebuliço
em minhas emoções
novas e refrescantes sensações...

Poema
adormeceu em confusão
não sei direito acalmar o coração...

Sonhou
com novos horizontes
apaixonantes aos montes...

Em nuvens
poema não quer acordar
na companhia de anjinhos a brincar...

Chá de sumiço
em meu coração criança
não sei onde formatar tanta esperança...

Anorkinda

.....................................................................

 

 

Poema controvertido

Posso revoltar-me
com a fome
com o frio
com o desamor
Posso condoer

Posso armar-me
com fuzis
com ardis
com o dissabor
Posso corroer

Posso versar-me
com paixão 
com palavras
com valor
Posso converter

o inimigo em escravo do amor

Anorkinda

 

..................................................................................

 

Ponderamento

Vida louca vida
me rebate as imagens
sem brilho e sem movimento

Tempo curto tempo
me dispersa em viagens
sem volta e sem tormento

Tédio longo tédio
me dispensa em bobagens
sem saida e sem salvamento

Amor sublime amor
me arremate as blindagens
sem dúvida e sem arrependimento

Anorkinda

...............................................

 

Poros e pétalas

à luz do sol
minhas pétalas
sorriem

à luz da alvorada
meus poros
brilham

à luz das amizades
meus poros
sorriem

à luz do amor
minhas pétalas
brilham

Anorkinda

....................................................................................


 Posso também


Posso arder na instigação
Posso apimentar uma discussão
Posso verter uma inspiração

Também gosto de carinho
Alguém me diz que não?

POsso subverter uma razão
Posso apaziguar um coração
Posso derreter de paixão

Além disso, quiçá sozinho
Meu bem vem e me diz uma oração

Posso bendizer o amor
Posso variar o sabor
Posso contradizer a dor

Também provo do comezinho
Alguém me traz um fulgor?

Posso dissolver uma cor
Posso ganhar com louvor
Posso tremer de terror

Além disso, no dia certinho
Meu bem vem e me traz uma flor

Anorkinda

.........................................................................

 

Pousada em tua flor

Pressenti um aroma
de cores deslumbrantes
Ressenti ao sol
e retornei às pétalas
do amor resplandecente
Aprendi o voo
das irmãs borboletas
Apreendi o sabor
das esferas sutis
do mais puro sentimento

Anorkinda

............................................................................

 

Pré-adolescente

Só olhares foram os amores
Daquela pré-adolescente...
Só esperança foi aquela criança...
E seus amores recém-nascidos.

Só detalhes ficaram dos amores
E daquela pré-adolescente...
Só lembrança ficou daquela criança...
E de seus amores recém-nascentes.

Anorkinda

.........................................................

 

 Precisa saída


Do barro fui feita
fui moldada
esculpida

Da matéria compacta
fui talhada
em vida

De um sopro, respiro
fui destinada
à poesia

De amor eu transpiro
fui reclamada
à agonia

Ao corpo fui afeita
fui treinada
atraída

A alma impacta
e flui arrojada
pela saída

Anorkinda

..............................................................

 

Presentes
 
Abri gavetas
no intuito
de tê-las
arrumadas...
 
Mas, como
janelas
do passado
 
mostraram-me
de um tudo...
 
Como pedras
preciosas
ou velas
perfumadas
 
iluminaram-me
o futuro...
 
Das lembranças
fiz nenhum
descarte
 
Quando quero
posso vê-las
desfilar
como estrelas
 
a cintilarem-me
presentes...
 
Anorkinda

..................................................................................

 

 Preste bem atenção



Meu tempero é assim, escasso
Minha altura é baixa
Sou meio sem graça

Meu discurso não tem compasso
Minha resposta não encaixa
Sou meio sem tempo

Meu estímulo é assim, embaraço
Minha pele não racha
Sou meio sem norte

Meu recado não tem todo o espaço
Minha poesia é borracha
Sou meio sem noção

Portanto, não aperte o laço
Minha alma se acha
Meio sufocada

Mesmo quando o rótulo é admiração

Anorkinda
 

..........................................................................

 

 

PROMESSAS ll

Tratei de vir ao mundo
sem promessas

Mas com uma dor no fundo
das aparências

Comuniquei ao mundo
minhas diferenças

Mas um sentimento profundo
brotou promessas

Versejei, então, ao mundo
das conveniências

E todo um movimento moribundo
revelou sua sobrevivência

Transformei a energia do meu mundo
aqui e agora sem mais promessas

Anorkinda

 

...........................................................

 

 

Pueril

Nunca madura suficiente
pra sofrer decepções
imito as libélulas
em voo leve
discreto

Nunca verto lágrimas
suficientes 
pra apagar
sonhos

Estou aqui, teimosa
na confiança
de viver
e amar

Estou aqui sempre mais 
e mais teimosa
sou essência
eu voo livre
pueril

Anorkinda

 

...................................................................

 

Quando estou em pedaços

Pedaços de mim
por vezes perdem-se
em reminiscências

Por vezes sem fim
descuido-me e
creio em coincidências

Mas alerto enfim
e recolho o que espalhei
em displicência

Anorkinda

................................................................

 

QUANDO NASCER O OUTONO...

Quando a Natureza
começar a preparar
a estação mais fria,
a viagem vai começar...

Amarelada viagem,
em busca de aragem,
reencontro comigo
à procura de abrigo...

Quando o outono
vier a nascer
com cara de sono,
vou amanhecer...

Dourado amanhecer,
despertando o meu Ser.
Completo o destino
na trilha do feminino...

Anorkinda

 ...........................................................................

 

Quase

Sou botão quase a se abrir
Sou pendão pronto a colorir

Estou à espera do amor
Estou preparando o sabor

Sou pétala encolhida
Sou flor levemente colorida

Estou pronta, amor
Estou apurando teu sabor

Anorkinda

......................................................................

 

Quase poesia

Me dividi em personalidades
mesmo sendo única

Me perverti em pluralidades
mesmo querendo o Um

Me permiti tonalidades
mesmo querendo a monocromia

Me perdi em superficialidades
mesmo sendo quase poesia

Anorkinda

.................................................................

 

QUEBRARAM-SE OS CRISTAIS

Lá do tempo da amizade
veio um frescor
anunciando
novidade

Era o sopro da saudade
veio em pé de vento
arrastando
afetividade

Quebraram-se os cristais
a discrepência em
lufada forte
foi demais

Lá dos tempos imortais
a inconstância
dos amores
enviou sinais

de que nada adianta mais!

Anorkinda

........................................................

 


Quero deixar

A lembrança de meu olhar
que pousou docemente
em pessoas
em lugares
em palavras

Quero deixar

A lembrança de minha voz
que falou docemente
de histórias
de memórias
de paisagens

Quero deixar

A lembrança mais fugaz
do que falei bruscamente
sem razão
sem paixão
sem paciência

Quero deixar

A lembrança mais salutar
do que vi rapidamente
sem emoção
sem atenção
sem participação

Talvez, assim, salvar
o que dei de mim
quando passei por aqui

Anorkinda

.........................................................................

 

QUESTÕES

Quem fui no passado?
O que será de mim?
Quem sou eu?
Ou quem serei eu?

Quanto tenho trabalhado!
O que farei de mim?
O que sou eu?
Ou o que serei eu?

Nestas questões tenho meditado...
Sei que Deus cuidará demim!
E quem sou eu
E o que serei eu...
Descobrirei por mim!

Anorkinda

.......................................................................

 

 RECREIO E ESTEIO


Diversão é para mim estopim
de crescimento, aprimoramento
Brinco e banco a insensata
de farra, algazarra

Ofensa é para mim estopim
de paciência, coerência
Observo e reservo um tempo
pra compreender, reverter

Carinho é para mim estopim
de amizade, cumplicidade
Permeio o esteio do abraço
e beijo a vida, atrevida

Num amor sem fim!

Anorkinda

......................................................

 

Redomas de vidro

Não foi possível
deixar de ver
deixar de tocar
deixar de viver

Eu vi a vida
Toquei o mundo
Senti os gostos
de tantos perfumes

Não é possível
evitar a dor
evitar o amor
evitar a ira

Ainda assim
eu sonho a vida
eu amo o mundo
sem as redomas de vidro

Anorkinda

..............................................................................................

 

REFEITA

Deixo...as entranhas da terra me possuírem
E perpassarem em mim suas energias

Clamo...pelos raios do céu em vertigem
Para transpassar em mim suas forças

Vibro...com os fluidos do ar na paisagem
Na emoção de passar por mim seus vazios

Oro...os clamores da alma a me saírem
A ultrapassar em mim todos os lamentos

Anorkinda

.........................................................

 

REFLORESCER DE MIM

Percebo-me aquietada
Rendo-me à vida
Enleio-me fragmentada

São muitas partículas
compartilhadas
nas minhas caminhadas

Pedaços meus avivados
nos corações
dos amigos acalentados

São muitos amores
abençoados
nos meus predicados

Reconheço-me amada
Abro-me à vida
Batizo-me flor encantada

Anorkinda

..........................................................................

 

REGATO

Com a calma das águas tranquilas
Conversam os passarinhos...
me traduzem

As emoções nem sempre claras
Amenizam-se em carinhos
elementais.

Com as verdes paisagens
Conduzem-se sonhos
originais.

As solidões nem sempre tristes
Alimentam os ninhos...
me acolhem.

Anorkinda

...........................................................................

 

RELÍQUIAS DO ASTRAL

daqui de onde vejo meu destino
emaranhada nas minhas próprias
desatenções e desatinos

em cada viagem astral
embriagada em amor-próprio
visões em nada surreais

pressinto o amor mais puro
embrulhado nos seus próprios
diapasões e tons duros

relíquias apanho no final
embaralhadas e impróprias
palavras e emoções especiais

Anorkinda

...................................................

 

REMINISCÊNCIAS

Levemente
pequenos detalhes
vem à tona

Suavemente
a brisa da saudade
sopra suspiros

Sutilmente
vens atordoando
reminiscências

Aleatoriamente
troco as lembranças
por sorrisos

Anorkinda

..........................................................................

 

RENÚNCIA

Renuncio hoje

Ao dia de chuva frio
Ao beijo sem gosto frio
Ao poema sem vida frio

Às madrugadas de chuva frias
Às amizades sem gosto frias
Às rimas sem vida frias

Renuncio ao desamor
Ao teu falso calor
Ao teu puro torpor

Escolho o movimento de amor
O abraço com calor
O amigo sem falso pudor

Anorkinda

............................................

 

REVERDECIDA

Em nova vida
reverdejante
inspiro o ar
tão líquido
da aurora

Em novo sopro
revigorante
expiro o ar
tão verde
da esperança!

Anorkinda

...........................................................

 

Reviravolta

É quando o mundo
faz um volta
completa
e eu
discreta
a zero grau,
lanço-me, solta
no amor profundo

Anorkinda

.....................................................

 

 REVOLUÇÃO MENTAL


Em decréscimos
segundos
decrépitos

Revolvi mundos
revoada
empréstimos

Em sagrada neurose
submundos

Transgredi moeda
caquética
dialética

Na contemplação
da queda
desnudo

Subverti neurônios
e dnas
em nova ética

Anorkinda

...................................................

 

RIO DA TRISTEZA

Rio da tristeza
Rio da beleza
Rio de mim
Rio de ti
Rio rio

Rio que flui
Tranquilo
Tristeza
Segue
e só

E deságua
solitariamente
nas profundezas
de um oceano azul...
bem distante de mim!

Anorkinda

...............................................................................

 

Ros'amor

Me oferto a ros'amor,
colhida ainda tenra
e orvalhada de luz.

Me inspiro, furta-cor,
acolhida e bem-vinda.
Minha vida me honra

à felicidade a que faço jus!

Anorkinda

.........................................................

 

Vou andando

Ao objetivo, seja ele claro
ou algo pressentido
pelo meu apurado faro

Vou andando, tranquila
permitindo o preparo
adequado desta trilha

Ao subjetivo destino
modero a pilha
de energia e motivo

Vou andando, madura
moderando o tino
pincelado de loucura

Anorkinda