Desamor

 

A LUA NÃO VEIO

Hoje ela não veio com seu veneno
branco-prateado, feito leite celeste,
a secura no luar líquido da noite...
Não veio ela nem meu moreno.

Esta noite será de minha lira,
será de meu verso-açoite
atiçando a brancura selene...
Mesmo que esteja ela fora de mira.

Hoje meu pranto não veio...
Secou, no breu da noite.
Na língua, sabor de fel.

Esta noite, meu anseio
Talhou o próprio açoite
E desmereceu o céu.

Anorkinda

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À deriva

à deriva senti meu coração
quando teu sorriso fugiu
à toa percebi minha emoção
ao retornar o que sumiu

por muitas vezes a solução
foi esquecer os protocolos
por amor ou ardente paixão
as frágeis ilusões a tiracolo

lançam-nos a desertos e frios solos

Anorkinda

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A espera

Na mesa, o vinho,
o serviço, a flor.

Na promessa, o brilho,
a quimera, sinfonia...

No canto do olho,
a espera, agonia...

No quebranto daninho,
o sumiço do amor.

Anorkinda

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A História de amor que não vivi

Pelos por-de-sóis
Andamos
qual dois faróis

Iluminamo-nos
um ao outro
qual dois humanos

Reconhecendo-se
em brilho
qual dois amantes

Pelos anoiteceres
recolhemos
qual dois seres

Apercebendo-se
um ao outro
qual dois diamantes

Afastamo-nos
em solidão
qual dois planos

Paralelos de uma esfera

Anorkinda

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 A me socorrer


Pela vibração da água
bem pude sentir você
também pude percorrer
o mistério de sobreviver

No ocaso deste dia
sorvi o melhor de você
abusei do bem-te-querer
e vi o olhar escurecer

Tal qual o firmamento
abandonado pelo sol 
sem tua luz de viver
continuei a me socorrer

nos solitários versos de sofrer

Anorkinda
 

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A sombra da dor

Sinto-a minha, uma contra-parte
Me constitui involuntariamente
a sombra, mãe de toda má sorte

Minto-a, quando desejo felicidade
Mas ela institui imperativamente
a dor, irmã de toda perversidade

Sem remédio, sigo uma trilha-tortura
Em febre e delírio...algo demente

Sem assédio certo nem compostura
persisto na ventura do amor, descrente

Anorkinda

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Abalo
 
Tua presença,
furacão,
levantou 
toda a poeira,
despetalou
as flores
 
Tua presteza
em desconfigurar
as emoções,
sacudiu as bases,
desfolhou as árvores
 
Tua presunção
em subordinar
as situações,
sufocou os ares,
descoloriu as faces
 
Tua preocupação,
fraqueza,
desandou
toda a receita,
abalou
os interiores
 
Anorkinda

.................................................................................

 


Alegria nas lágrimas

No inverno também se dá
mas é mesmo nas primaveras
que tua falta se faz maior
e as lágrimas transfundem alegria

Porque elas acariciam-me a face
As lágrimas retiram-me o sal
dos olhos tristes

Num inverno nos amamos
sonhos e esteios coloridos traçamos
não estávamos juntos na primavera
e é por ela que ainda anseio

Porque a nossa primavera
seria linda e florida como nunca
houvera neste mundo

No inverno posso relembrar
mas nada há nas primaveras
porque tua falta foi maior
que a alegria das lágrimas minhas

Anorkinda

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AMARGA ILUSÃO

Saboreei naquele dia
um quitute diferente
era amargo envolvente
meio que avariava a mente

Até pensei ser alucinógeno
mas o gosto, realmente
era de um amargo permanente
ia e voltava, cheio de ideias incoerentes

Pena que era tarde em demasia
para que eu recuasse inteligentemente
e não me permitisse o erro displicente
de saborear uma ilusão de cunho carente

Anorkinda

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Amor como o mar

Movimento das ondas
ora me afasta
da areia

Ora me traz
navegando
espumas

Distraídos
à beira-mar

Entregamo-nos
ao recuo

Esquecidos de amar

Anorkinda

.........................................................................

 

AMOR PLATÔNICO

Nosso amor foi um tônico
vivenciado no ilusório

Fortaleceu de modo irônico
as estimas do eu-próprio

Não consumou, amor platônico
mas criou terreno sólido

De um poder supersônico
devastou o sentimento bucólico

Anorkinda

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Ao por-do-sol
 
Transformei-te, amor
em quimera ao por-do-sol...
 
Dispersei pelas cores
quentes, arrebol,
a paixão que mais ardia.
 
Confirmei com a maresia
 
promessas do rei maior,
de que após a escuridão,
desilusão e noite fria
 
um novo dia raiaria...
 
Anorkinda
 

...........................................................

 

 

Ausência
 
Pétalas de ausência
preenchem-te
espaços
vazios
 
Reminiscências
convencem-te
de que amar
é um rio
 
de correntes
irreprimíveis
 
e de frágeis
sementes
 
Anorkinda

..........................................................................................

 

BORBULHA DE RIO

Tua imagem condensa-me as manias
Teu reflexo é como esta água fria
Parece tocável, mas é fugidia...

Tua distância apronta-me desvarios
Meu pulsar é como o movimento
Deste toque no firmamento...

Tua ausência desvia-me os pensamentos
Meu anestésico sentimento
Seria teu toque-agradecimento

Tua existência provoca-me arrepios
Teu amor sempre arredio
Parece real, mas é borbulha de rio...

Anorkinda

.......................................................................

 

Buscando um significado

Estive visitando vielas
sinuosas e pouco floridas

Estive fuçando gavetas
sebosas e muito encardidas

Estive balançando cadeiras
idosas e muito desbotadas

Estive surfando ondas
manhosas e pouco devotadas

Estive buscando da vida
valor e algum significado

Estive apostando em sonhos
de amor e ... nenhum resultado!

Anorkinda

...........................................................

 

 

 
Carente
 
Estou carente
de teu cheiro
de gente
 
Tenho carência
de tua boa
aparência
 
Sinto falta
de sentir
febre alta
 
a toda vez
que vislumbro
tua morena tez
 
Estou carente
de teu sorriso
contente
 
Tenho carência
de te ver
com frequência
 
Sinto saudade
de minha
felicidade
 
espontânea
ao te ter
paixão momentânea
 
 
Anorkinda

........................................................................


 Celeste penar


Em silêncio as ondas do mar
escutam o cintilar de estrelas
depois elas dedicam-se a contar
da melodia e da beleza

Em silêncio eu espero o narrar
das ondas constantes e belas
pois ao traduzir-me o lumiar
das estrelas, toda realeza

celeste insere-se em meu penar

Anorkinda
 

..................................................................

 

 

Chuva desamor

Um lar, flores,
sossego, paz...
E a chuva trouxe
consigo o teu cheiro...

A sonhar, amores,
aconchego, par...
E o frio lembrou-me
do abrigo certeiro

que era teu braço envolvente...

Sem voltar, temores,
desapego, incapaz...
Te negas ao amor
amigo e verdadeiro...

A sanar as dores
novo fôlego, ímpar...
Te libero do rancor
inimigo do ponteiro

que marca o tempo inclemente...

Anorkinda

......................................................................

 

CHUVA DESPEDIDA

A lágrima rolou despercebida
na chuva fria que caía

A boca sussurrou a despedida
em voz baixa, nem se ouvia

A perspectiva era aturdida
na emoção que traía

A desventura tocou-me a vida
em face triste, nem sorria

Anorkinda

.......................................................................

 

Com você em mim

De perto
de perto sim
ficarei de olho em ti

Te amo
te amo sim
ficarei feliz por ti

Pode ir
pode ir sim
ficarei com você dentro de mim

Anorkinda

..........................................................

 

CONFIAR

Confiar no futuro
Confiar na sorte
Confiar em você...

Conto com a sorte.
Onde está você?
No incerto futuro?

Espero por você...
Espero que no futuro
Eu tenha mais sorte...

Anorkinda

....................................................................

 


Considerações

Se um dia dancei
na ponta, pliê...
Adormeci a bailarina.

Se um dia icei
o voo da juventude...
Pousei madura.

Se um dia penei,
desconta...
Apaguei o que doía...

Se um dia te amei,
perdoo...
Perdi o orgulho que feria...

Anorkinda

....................................................................

 

COR PRATA-LUAR

Até tentei pintar
a noite da lua cheia
e estrelas bordar
em ponto de estreia

Até tentei desenhar
o céu no escuro
crayon do sonhar
em traço duro

Mas, a teimar
apenas consegui
a folha borrar
com a lágrima que verti

na cor prata-luar

Anorkinda

...........................................................

 

CORAÇÃO INCENDIADO

Canção romântica
aquela que arrepia
tocou no peito
a suave melodia

Chama acalentada
em vivaz fogueira
que é o coração
desta vida arteira

Canção atiçadora
fez de novo arder
o peito nada afeito
à tarefa de te esquecer

Anorkinda

.....................................................

 

 

D. Solidão
 
Quando tu 
partistes,
meu coração,
a Solidão
vestiu-se
para ficar,
de chinelas
e pijamas.
Acomodou-se,
permanenmente
senhora
da situação.
 
Anorkinda

.....................................................

 

De verdade

Falei demais
quando o soluço
no peito
não quis calar

Falei demais
quando o choro
na alma
não quis cantar

Falei demais
quando o vento
nos olhos
secou a lágrima

Falei demais
quando a chuva
nas telhas
batucou uma saudade

e bateu um arrependimento de verdade!

Anorkinda

.......................................................

 

Decisão

Se os olhos já vêem
o que virá...
A decisão já foi tomada,
e a casa arrumada,
só falta fechar a porta
porque nada mais importa...

Anorkinda

....................................................................................................

 

Depressa...

Mais algumas pétalas se abriram num rosa-chá
Outras folhas caducas caíram no piso grená
O novo assobio do canário-belga
Você ainda não ouviu

Uma chuva fina começou ainda agora
O cheiro de grama me levou passado afora
O novo sorriso que eu dei
Você ainda não viu

Tenha pressa de aqui chegar
Ou as delicadezas vão acabar
E você vai dizer
que não usufruiu

Anorkinda

 

...............................................................................

 

DEPRESSA ll

Uma nova receita saiu do forno
Comprei mais um bonito adorno
E você ainda não conhece
o vizinho do assovio

Algumas notas de uma canção
voaram soltas em solidão
E você perdeu a brisa
que provocou um arrepio

Venha depressa, meu amor
ou nas delicadezas vou por
um velho agasalho
 a protegê-las deste frio

Anorkinda

.........................................................

 

Descaso

Leve...
Fumaça...
Teu amor ao vento, voou.
Breve...
Desgraça...
Nem um adeus deixou...
Sequer um bilhete,
teu coração rabiscou.

Anorkinda

.........................................................................

 


DESENCANTO

Aquela noite foi toda errada
planejei cada detalhe bonito
Corri astrais devaneios
um a um, dedicada

Não acreditei no desencanto
na mandinga aflita de azar
Insisti nos planos
e no quebranto

Meu poder perdeu a força
quando o telefone tocou
e ouvi aquela
falsa promessa

Aquela noite de desencanto
balançou algumas certezas
e decidi mudar
o alvo e o canto

Decretei-me amante da paz

Anorkinda

..............................................................

 

Deserto

Por vezes minha vida
é deserto, paisagem
que vejo da janela
sem sonhos, pela fresta

Por vezes meu coração
parece sucumbir, aperto
que sinto no peito
pelos amores, sem festa

Anorkinda

.........................................................

 

 Despreparada


Desabei no primeiro sopro
foi forte, foi rajada
me achou despreparada

Terminei, ânfora quebrada
sem sorte nem amor
me atropelou o dissabor

Gritei alto com o espelho
da morte dei risada
me perturbou a mirada

Calei, quase sufocada
sem norte ou vigor
me transtornou, o refletor

Anorkinda

................................................................

 

Desvarios sem ti
 
Pois é,
entreguei meu coração a ti...
 
Não foi nenhum sacrifício
pois te amar é meu vício
 
Assim,
sigo a vida por aqui...
 
Interpretando meus vazios
em forma de poemas desvarios
 
Anorkinda

...........................................................................................

 

Devaneios de uma solitária noite de sábado

De tantos que eu amei
dentro de mim encontrei
aquilo mesmo que deixei:
o amor primeiro e verdadeiro

O amor-próprio e derradeiro
faz de mim um Ser inteiro
enquanto que, choramingueiro
meu ego ainda não entende

A razão da solidão presente
sempre, no frio ou no quente
dos dias em que minha mente
perguntou: por que ninguém me amou?

Anorkinda

.........................................................................................

 

Dia marrom

Verdes galhos desdobram-se na moldura
Triste da minha janela marrom

O pássaro que gorjeia sua canção
Triste no seu galho marrom

Nem percebe meus versos de choro
Triste, lápis de cor marrom

As flores murcharam pela manhã
Tristes neste dia sem tom

Anorkinda

....................................................................

 

Do eterno

Senti a fragrância do eterno
foi quando o mais terno
beijo estalou o amor

Senti a fortaleza do eterno
foi quando o mais fraterno
abraço aconchegou

Senti a flutuação do eterno
quando a mais doída
saudade despejou

lágrimas, molhando o caderno

Anorkinda

.....................................................................................

 

Do fim

Do que de nós ficou registrado,
letras, palavras, prosa e versos...
pelo fogo do descaso foi incinerado.

Da planta bonita que foi o nosso amor,
botões, pétalas, viço e cor...
pela desilusão foi reduzida a restos.

Do espelho que éramos, eu e tu,
cortes, manchas, rachadura...
não resistiu ao golpe frio e cru

De refletir o fim de nossa aventura.

Anorkinda

......................................................

 

 

Doença saudade

Senti-me imensa
rodeada pelo ambiente
hostil da cidade

Perdi-me, tensa
abandonada e carente
fora da idade

Você até pensa
que nada me preenche
ambiguidade

Falta tua presença
iluminada, a semente
da felicidade

Pequenina doença
encravada e latente
de nome saudade

Mal de nascença
perturbada e insistente
a te querer de verdade

Anorkinda

 

.......................................................

 

Doutor

Por favor,
doutor
Preciso de uma receita
pra caso de dor
de amor.
Uma receita sem odor
que tenha bom sabor
que dissolva
este amor-dor.

Anorkinda

.............................

 

 É


Ousei
sonhar
Ousei 
arriscar
Ousei 
falar
Ousei
amar

Só pra 
ver você
desprezar

Anorkinda

................................................................


É Claro!

Não precisas difundir
um descaso
um desenredo

Não precisas fingir
um acaso
um pretexto

Não precisas submeter
um aceno
um toque

Não precisas esconder
um rosto
um gesto

Porque tudo está tão claro!

Anorkinda

............................................................................

 

E você não vem

Os campos estão tão floridos
Os colibris estão tão assanhados
As nuvens desenham no céu

Os frutos estão maduros
Os dias estão mais curtos
As crianças desenham no papel

Os cheiros da terra subiram
Os cânticos de anjos desceram
As minhas lágrimas jorraram

E você não vem..

Anorkinda

......................................................................................

 


E voou...

Quando lembro das folhas de outono
que já voaram... deixando o inverno despido
Penso em teu amor que se foi
também voando... deixando meu peito desnutrido

Quando lembro dos colibris que beijavam
as flores-primaveras... alimentando-se de cor
Penso em teu gosto que derreteu
no sol do verão... ausentando-se do amor

Quando lembro das paixões incandescidas
penso no fervor que acaba em brasa
adormecida em tempo-torpor

Quando lembro de tua devoção ensandecida
penso também que o nosso grande amor
transformou-se num par de asas

Anorkinda

 

............................................................

 

Ela me segue

Nem preciso atentar
ela me rodeia
Não é preciso alimentar
ela vem cheia

Ela me segue
sem rodeios
Ela me persegue
de todos os meios

Ela tatuou-se
na pele
Inseriu-se.
A saudade me impele.

Anorkinda

.................................................

 

Entraves
 
Um gesto rude,
amiúde,
arruína castelos
de encantamento.
 
A falta de atenção
gera prisão 
e encarceramento
da espontaneidade.
 
Torna-se difícil
libertar qualquer indício
de amor
e cumplicidade.
 
Anorkinda

..................................................

 

ENTRE NUVENS

VOCÊ
ENTRE SOMBRAS
O SOL
ENTRE NUVENS

VEJO
ENTRE AS SOMBRAS
O AMOR
ENTRE AS NUVENS

Anorkinda

...................................................

 

ESCRITO A GIZ

Vi teu nome
escrito a giz
na parede
da sala
azul

Pareceu-me
uma nuvem
em céu...
Alvo risco

Vi meu nome
escrito a giz
no coração
teu...

Apagou-me
sem demora
num curto
adeus

Anorkinda

..........................................................

 

 

ESTAGNADA EM VOCÊ

Ah...foi importante
forte emoção...pulsou
Mas o tempo passou
e você escolheu...

Ah...foi instigante
morte em ação...doeu
A promessa secou
e em mim pereceu...

Ah...estagnada fiquei
à sorte dei de mão
Mas o tempo passou
e você desapareceu...

Ah...renovada me dei
o corte de precisão
A promessa refiz
e escolhi ser feliz...

Anorkinda

 

...........................................

 

EU E TU ASSIM

Estou assim
Querendo voar
E tu assim
A me segurar

Estou assim
Querendo amar
E tu assim
A me afastar

Anorkinda

......................................................


 EU, EU, EU


Eu busco
Eu perdoo
Eu balanço
Eu planejo

Eu canto
Eu encontro
Eu comemoro
Eu embalo

Eu sufoco
Eu arraso
Eu sonho
Eu amo

Eu, eu, eu...
podia sermos nós...

Anorkinda

..............................................................

 

EU QUERO QUE PASSE

Eu quero chorar
De soluçar
De sufocar

Eu quero esquecer
De querer
De sofrer

Eu quero parar
De lembrar
De esperar

Eu quero lembrar
De brincar
De sonhar

Eu quero viver
De prazer
De você!

Anorkinda

......................................................................

 

EU TE AMO!

Faz muito tempo
que eu te disse:
Eu te amo!

Acredito que esquecestes
dos olhos meus
perdidos de paixão

Faz muito tempo
que me dissestes:
Eu te amo!

Acredito que prometestes
um amor
que não era teu!

Anorkinda

 

...........................................................................

 

Ganharam o lixo

Digitalizadas, é verdade
as cartas que escrevi pra ti
eram e-mails encharcados de paixão

Reinicializadas, elas foram
e julgadas como tempo perdido
eram entulho em meu coração

Atualizadas, como lixo eletrônico
as cartas que escrevi pra ti
eram caracteres vivenciados na ilusão

Virtualizadas, é verdade
e publicadas em tempo invertido
eram modernas demais pra tua concepção

Anorkinda

.....................................................

 

Gato e sapato

Por que permito?
Tua sedução
tua entrada

Por que te sinto?
Paixão
alucinada

Por que reflito?
Se é em vão
dá em nada

Por que assisto
Calada
você fazer
de gato e sapato
meu coração?

Anorkinda

..................................................

 

ILUSÃO

Por que tão lindo?
Por que vieste
Se estavas partindo?

Tanto carinho
Tanto alarde
Se ficarias sozinho...

Anorkinda

 

..................................................................

 

Impossível

Certo dia, muito triste, decidi:
Neste livro de capa preta
vou inscrever à caneta,
o quanto lhe esqueci.

Não lhe avisei, nem toquei a sineta:
Eu estava certa de que venci,
mas, realmente, eu desaprendi
como se apaga toda aquela letra

que lhe escreveu, certa feita:
Eu sempre amarei você!

Anorkinda

..................................................

 

 

INDECISA

Talvez plateia
enrosco
gente
Longe o olhar
vontade de ficar
perdida no encantar

Talvez estreia
crepúsculo
porto
Longe o olhar
mirando o derribar
do dia de te amar

Anorkinda

 

..................................................

 

Infinitivo querer

Por tanto te querer
e por você me querer
em total merecimento
e poder

desentendemos do querer
em desgaste, embotamento
e exceder

já não sabemos querer
distorcemos o fundamento
a se resolver

por tanto me querer
e por te querer
há um pranto lenimento
a escorrer

Anorkinda

......................................................

 

INSANO

Fizestes troça
abusastes em trocas
brincas com o coração

Causas dano
insano em vias
sem volta ou noção

Pusestes amarras
mostrastes as garras
praticas a desilusão

Forças os fins
insano pelos cantos
sem amor ou paixão

Anorkinda

...................................................................

 

 

Lágrimas do fim
 
Lágrimas tuas
sentiram-me viva
dentro de ti
 
Lágrimas minhas
avisaram-me
do adeus
 
Derradeiras,
molhando o fim
 
Mensageiras,
despedindo-te de mim
 
Anorkinda

...............................................................

 

 

Lamentos
 
Se fez presença,
o esquecimento.
Desfez promessa,
comprometimento.
 
Nas gavetas,
os sentimentos.
Nos segredos,
(iso)lamentos.
 
Anorkinda
 
 

...............................................................


 

LEVIANA ALQUIMIA

Tentamos, sim tentamos
mas era leviana
toda aquela
sintonia

Buscamos, ah..buscamos
estar mais perto
e transformar-nos,
alquimia

Perdemos, sim perdemos
o amor-presente
e toda aquela
harmonia

Sofremos, ah...sofremos
mas era insana
a dor e o lamento, 
judiaria

Anorkinda

 

...........................................................................

 

Liberdade Vigiada

Sempre que sinto saudades de ti
Lembro-me dos momentos
em que sofri

Perco-me nas lágrimas que verti
Nunca tamanhos golpes
eu mereci

Solto-me deste sentimento por ti
Porém tenho acessos
de rancor involuntário

Sempre que alço o voo livre de ti
Atenho-me a vigiar
o botão do automático

Anorkinda

...............................................................

 

 

Livre coleção
 
Bem guardado
no armário
à direita
do coração
 
tenho minha
adorável coleção
de sonhos.
 
Arquivei ali
tudo o que
planejamos.
 
Engraçado
é o itinerário
do tempo,
a rotação...
 
Hoje, sozinha,
a recordação
dos sonhos
 
vive livre
tudo o que
planejamos.
 
Anorkinda
 

......................................................................................

 

LONGE DO MEU AMOR

Como está?
Como andará?
O que está fazendo?
O que estará fazendo?

Em que está trabalhando?
Em que estará estudando?
Com quem conversa?
Com quem sonhará?

Há muito te espero.
Há muito te venero.
Como podes viver sem mim?
Se para sempre vives em mim...

Anorkinda

 

....................................................................

 

Lonjuras

Desde que a maré levou-te,
amado coração-ilha
flutuante,

As minhas férteis terras
perderam a verdura.
E a candura

da brisa em fim de dia

reafirma que te amar é minha mania.

Anorkinda

...........................................................

 

LUA CHEIA

Toda noite de lua cheia
O céu me mostra você
e toda sua conversa
com as estrelas

Nem olho mais a lua
Ela me conta de você
e eu não quero saber
das novidades

Quero apenas a lua
nova de novos vocês
com ela eu converso
em versos

Lua cheia me esqueça
Vá luzir outros amores
não fofoque de mim
nem de você

Anorkinda

............................................................

 

 Lua saudade


Satélite inerte
que me testemunha
vítima íntima
de minhas rusgas

Indireta ilumina
minha noite escura
encanta o canto
de minhas curas

Intérprete cerne
das horas benditas
altivas e vivas
em minhas névoas

Seleta saudade
que me enfeitiça
acalanto santo
em minhas trevas

Anorkinda

.................................................................

 

Madrugada fria

Intenso sentir...
Tua ausência
provoca frio,
vazio...

Intenso mergulho...
Até encontrar
o calor natural,
individual...

Fria madrugada...
Experiência
que evoca brio,
estio...

Fria empreitada...
Até compensar
a falta total
de amor-próprio...

Anorkinda

..................................................................................

 

 Mágoas de amor


Marcados sempre por alguma dor
seguem os corações tais quais flor
de sutil envergadura
balançada pelo vento
Ela dança na pureza de sua cor
se deixa tomar pelo frescor

Rimados os sambas de desamor
trazem os versos plenos do sabor
salgado das lágrimas
cobradas ao tempo
Eles exibem a emoção e o calor
de serem cura para mágoas de amor

Anorkinda

....................................................................


 Mais tranquila


Com a virada, revirada 
dos números dos anos
mudou algo aqui, serenou

Perdoe meus danos
mulher é sempre alucinada
serenou algo aqui, mudou

Com a lua enamorada
das dimensões e outros planos
verteu algo aqui, dissolveu

Perdoe meus insanos
meses, arrebatada
dissolveu algo aqui, verteu

Anorkinda

..................................................................

 

MAREMOTO DE EMOÇÕES

Todos os dias
transgredia...
Achava que suportaria
mas sucumbia...

Tantos sentimentos
a cada momento...
Beirava ao sofrimento
e ao lamento...

Tantas demoras...
meu agora
Marcava a hora...
de ir embora

Todas as emoções...
inundação
Derramava sem perdão...
A fé do coração

Anorkinda

.............................................................

 

MEU AMOR CHOROU

Em cara fria, lábios secos
meu amor chorou
numa tarde ventosa

Com lágrimas quentes
meu amor transbordou
rolando em face rosa

Aquelas últimas gotas
vivas e transparentes,
emoção venenosa

Em dádivas líquidas
meu amor expurgou
a ferida mais danosa

Anorkinda

...........................................................

 

MEU RECATO

Ao dar-te a mão
Tremi em confusão

Ao tocar-te em luz
Cancelei o que seduz

Ao querer-te demais
Suspirei nuvens de ais

Ao confiar-te a cura
Perdi o tom e a partitura

Anorkinda

..........................................

 

Minha loucura

Meu sonho
Me envolveu
Minha intuição
Me encorajou

Meu sonho
Me machucou
Minha intuição
Me transformou

Anorkinda

...............................................

 

Murmúrio do mar

Ouço o murmúrio
da maré vazante
fala, mau augúrio,
sobre meu amante

O canto espesso
deste escuro mar
diz, reza de terço,
nada há a esperar

Anorkinda

.........................................................................................

 

NA PONTA DOS PÉS

Muito tempo vivi em ponta de pé
Com medo de magoar, de te ofender
Em vão, pois até respirar te feria!

Muito tempo torci a ponta do pé
Tentando te agradar, te satisfazer
Bobagem, nada te alcançaria!

Muito tempo vivi sem a minha fé
Com medo de me encontrar e te perder
Bobagem, nunca houve garantia!

Muito tempo torci o sentido da fé
Tentando controlar o que não era pra ser
Então desisti dessa relação vazia

Sustentada na ponta dos pés!

Anorkinda

........................................................................

 

Nada não


Nada sei da escura amplidão da noite
Nada sei da luz infinita, qual açoite
que me limita à sombra do destino

Nada quero do alimento que és
Nada quero do fervor das fés
que me tocam a dor, qual quinino

Não espero debelar a febre
Não espero derreter a neve
de tua frieza, meu mau menino

Não toquei teu coração
Não toquei tua canção
de estranheza e tino

Anorkinda

......................................................

 

Não é permitido!

Você acreditou neste
aviso pregado
na parede do tempo

Você abandonou você
num desapegado
e interno movimento

Você esqueceu neste
obedecer assim,
meu grande sofrimento

Você perdeu você
dentro de mim
e por isso, lamento

Anorkinda

...........................................................................

 

Não mais!

Tinhas o poder de manchar
a tela dos meus prazeres
Tinhas o prazer de profanar
a via das minhas purezas

Querias ser o castigo de elite
a veia que mais dói e inflama
Querias ver o muro do limite
a gota que, por fim, esparrama

Cheguei ao ponto final
da sutura na ferida
Cheguei em desfile triunfal
na outra ponta da vida

Onde não permito a profanação!

Anorkinda

................................................................................

 

Navegando em ti

Navegando pelas linhas
dos teus versos (en)cantados
juntei o mar com as ilhas
no meu peito derrotado

Pairando pelas águas
dos teus universos (des)esperados
chorei o sol e as mágoas
no meu peito eternizado

Rumando pelas rotas
dos teus inversos (des)amados
guardei o luar e as notas
no meu peito apaixonado

Anorkinda

.........................................................................

 

Nas despedidas dos portos

Dos sonhos perdidos, mortos
faço estes versos tortos
pranteio o que já foi meu enleio

Dos amores de meu peito, cheio
faço esta receita sem recheio
com tempero de lágrimas:

Quitute de variadas lástimas

oferecido nas despedidas dos portos.

Anorkinda

..........................................................

 

Navegando...

As águas estavam mansas
o coração tranquilo, em paz
O horizonte já ameaçava
mas eu me achava preparada

Engano! O céu fez-se surreal
para testar minha coragem?
O imprevisível desenrolar
daquela única tempestade

deixou-me à deriva
boiando no mistério
sem tábua de salvação

tirou-me as forças
apagando do peito
a fé num amor oceânico

Anorkinda

............................................................

 

Necessidade

Daquele toque só seu
Daquele sorriso
que se abre
singularmente

Daquele convívio
Daquela mão
na mão
suavemente

Daquele tempo só meu
Daquelas noites
conversas
intermináveis

Daquele abraço
Daquela necessidade
de teus beijos
incomparáveis

Anorkinda

..........................................................................

 

NESTES VERSOS

Que vontade de dizer: Te amo!
De espalhar-me em tua pele
e adentrar teus poros

Que vontade de dizer: Te quero!
De condensar-me em tua pupila
e colorir tua íris

Que vontade de dizer: Te venero!
De saciar-me em tua insana boca
e degustar tua língua

Nestes versos que a ti declamo
quero arrebatar-me em fogo
e tirar este nó da garganta!

Anorkinda

 

..........................................................

 

Nevoeiro azul

Estar atravessando
um nevoeiro azul
é como deixar o sul

Rumo ao norte
de um sentimento
carente de esquecimento

Estar apaziguando
o coração em degelo
é como cuidar com zelo

Da súbita morte
de um encantamento
vertente de sofrimento

Anorkinda

...............................................................................

 


No limite

Até o sonho tem seu limite
ao ressentir-se de realidade

A angústia pressente a verdade...

Aquela janela do tempo, fecha-se
na despedida da estrela da saudade

A vida segue sem espontaneidade...

Anorkinda

........................................................................

 

NOITE SEM ESTRELAS

Trovejares ao longe em breu
afugentam minhas estrelas
e afastam o brio de meu peito

Nuvens quando cobrem o céu
e escondem o brilho delas
Estremecem minh'alma fria

Horas esvaindo a boa sorte
angustia os olhos
e anistia a dor no meu leito

Chuva caindo em minha noite
desassossega sonhos
e cega a esperança sadia

Anorkinda

.....................................................................................

 

Nostalgia de amor

Nossa história, uma estrada
terra batida, não deixa te esquecer...

Procurei a alternativa natural,
plantar flores nas laterais...

Agora, quando olho para trás,
retrovisor da mesma dor...

Sempre sorrio para a nostalgia
que, em alento, brotou em pétalas de amor!

Anorkinda

.....................................................


 Nunca


O vidro entre nós
nunca se quebrou
faltou-nos
coragem

O medo em nós
impossibilitou
a queda
da frialdade

O toque entre nós
fragilizou-nos
de antemão

O amor em nós
preciosa pedra
não se arremessou

Anorkinda

........................................................

 


Nunca mais cantei

Daquele tempo encantado
quando o amor escancarado
era cantado e romantizado

pouca lembrança eu tenho
hoje eu só cerro o cenho
desacorçoado eu venho

te dizer que robotizei
que o sonho amortizei
e nunca mais cantei

Anorkinda

.................................................

 

O Nosso Amor

Foi apaixonado
abnegado
entusiasmado
o nosso amor

Foi castrado
injustiçado
abandonado
o nosso amor

E hoje,em dúvida
tu segues a lua
e cogitas a vida

E eu, encaro o sol
preparo meu voo
e me lanço na vida!

Anorkinda

................................................................................

 

O SILÊNCIO DO BATERISTA

Dentre tantos sons de palavras ditas
O ruído metálico dos pratos
Em baterias dispostas em boatos
Teu silêncio fala mais do que meditas

Entre os acordes de melodias benditas
O vazio da emoção contida
Em ecos surdos, me põe abatida
Como presa que sabes e que fitas

Pressupões em teu interior
Que posso ver-te
Transparente água e furor

Pressinto em minha dor
Que posso querer-te
Completamente em torpor

Anorkinda

...................................................................

 

Onde está o teu sorriso?
 
 
A quem você iluminou hoje?
Aqui em mim, ainda faz escuro...
 
Onde alargas o riso
que te flui gostoso?
Onde tão longe
que nem mesmo corro?
 
A quem você sorriu hoje?
Aqui em mim, só lágrimas depuro...
 
Onde te embriagas
em volúpia e gozo?
Onde tão vivo
que nem mesmo morro?
 
Anorkinda

....................................................................

 

Opte

Bebe; sorve todo meu veneno
Embriaga de vez a tua alma
Toma-me; num só gole
Tenha a soberana coragem

ou

Negue; diga-me um não pleno
Afaga teu ego com calma
Cobra-me; num só tiro
Tenha uma digna vitória

Anorkinda

.....................................................

 

Outonal carmesim

a cor tinge
nosso amor
carmesim

o vento tange
nosso amor
outonal

o frio atinge
nosso amor
madrigal

a rotina range
nosso amor
outrossim

Anorkinda

 

..................................................................

 

OUTRA VEZ, TUA CHEGADA

Primeiro, a brisa antecipou
ela trouxe teu cheiro bom
de vitalidade e asseio

Depois foi no meu coração
que soou o conhecido som
de  felicidade e esteio

Por fim, tua chegada
outra vez em tom
de despedida

Fizeste um passeio
com este teu dom
gaiato na vida

de voltar estando de partida

Anorkinda

...........................................................................

 

 

 
 
Ouvi versos no vento...
 
Ele veio trazendo a chuva.
No vidro da janela, segredos
ditados pelas gotículas,
escorreram histórias,
 
Purificaram os lamentos...
 
A emoção largou-se numa curva.
No vidro embaçado, estrelas
despedaçadas pelo desencanto,
ativaram memórias,
 
Voltaram no tempo...
 
A visão tornou-se turva.
No vidro da janela, medos
trancafiados nas gotículas,
traçaram trajetórias,
 
Imitaram passatempos...
 
Ele voltou junto à chuva.
No vidro gelado, veredas
abandonadas no desencanto,
precipitaram inglórias,
 
Ouvi versos no vento...
 
Anorkinda
 

....................................

 

Paixão proibida

Pedregulhos
a pisar
Proibida
paixão

Percalços
a passar
Plausível
perdão

Perdidos
a penar
Partido
pendão

Anorkinda

..................................................

 

 PARTIDA


No aceno que se fez
a mão mentiu o adeus
no peito nada mudou
em seu lugar você ficou

No arranque, a partida
a mão acelerou a ida
mas no peito continuou
o enlace, o nó apertou

No dia cinza que se fez
a mão não coloriu o gris
no peito que tanto amou
a cor apenas desbotou

Anorkinda

...................................................................

 


Partistes

Desvencilhei os sonhos
de tua garupa afoita
e segui a pé, tristonhos
passos foram comigo

Encilhastes nova rota
em tua cavalgadura
cheio de fé, bancarrota
de minhas ilusões

Velastes uma ignota
parcela de ti mesmo
exauri tua cota

Partilhei os sonhos
num universo diverso
horizontes mais risonhos

Anorkinda
 

..............................................

 

Pensei...

que era fácil amar
compartilhar
e, enfim, felizes!

Penei...

a tentar amar
realizar
e, por fim, perdi!

Pesei...

prós e contras
e no final das contas...
Pendi!

Anorkinda

.......................................................

 

PERDIDA

Viajo em ti
nas noites frias
dos dias quentes

Sem rumo
as mãos frias
os lábios quentes

Muito perdida
vago no escuro
dos teus silêncios

Sem amor
descubro o escuro
fim do silêncio

Anorkinda

..........................................................................

 

Perdidos

Desde que nos envolvemos
perdemos a noção do tempo
e do espaço que dividimos

Atracamos em um porto abstrato
Substrato de amores

E agora para nos separarmos
ajustarmos os confusos horários
e das noites sem estrelas

Acertarmos um rumo
prumo individualidade

Será preciso uma ajuda extra

Talvez o poeta e a canção dêem uma mão!

Anorkinda

...............................................................................

 

Plenilúnio no mar

As ondas traziam a cada volta
embalada na espuma, a angústia
de esperar pelo nascer do dia
a aurora, senhora em escolta

As nuvens desfilavam galhardia
tranquilas, sem qualquer abalo
mimavam o luar em seu embalo
um quadro vivo na noite fria

Mas o amanhecer de tua companhia
tardava e não adiantava a revolta
tudo fora orquestrado sem utopia

Meu choro percutia como um badalo
e meu peito pedia uma reviravolta
entreguei-me ao plenilúnio e seu halo

Anorkinda

......................................................

 

Por arrogância

Foi pelos rastilhos
poderosos do luar
que nosso amor
ardeu, chama
ligeira.

Igual aos estribilhos
de canções bregas,
um projétil
disparou

e olhos sem brilhos
puderam machucar,
indiferença...

Por novos trilhos
a dor vai seguir,

espaços vazios...

Anorkinda

...................................................................................................................

 

Por onde anda o meu amor em plena madrugada?

Ah...insônia...ansiedade
por que fico nessa martelada
perguntando o sem resposta?

Ah...risonha lua...maldade
por que fria luz me irradias
zombando de minha insanidade?

Por onde anda o meu amor em plena madrugada?
Por que te pergunto, redonda e branca zombaria...
se o vês e o segues, sem mínima solidariedade?

Bem poderias avisá-lo de meus suspiros
Devorá-lo, abduzi-lo e remetê-lo num facho de luz...
provar-me tua dedicação aos amantes sem resposta.

Anorkinda

......................................................

 

Por três dias

E fêz-se negra noite
por três dias
fora de mim, fiquei

Ou dentro de mim
refugiei o chôro
em escuro de alma

Para que a nova luz
em meu interior
pudesse enfim, chegar

Ou o amanhecer
do amor
trouxesse pra mim,

você!

Anorkinda

.........................................................................

 

Pranto à deusa

Linda deusa, escuta
minhas lágrimas
que caem silenciosas...

À luz do luar, vê,
mãe minha, no espelho
de tuas águas límpidas,
o meu coração que chora...

Dor de amor, mãezinha,
desfaz este cenário
de ilusões que me abatem.

Por teu consolo, Oxum,
eu imploro e sorrio
em confiança de tua mão
solícita a cobrir-me a solidão.

Anorkinda

..........................................................................

 

Presença lilás

Embevecida pelo claro reflexo
n'água mostrado, perplexo
Entorpeci-me de mim, convexo

Ensandecida num claro delírio
n'alma apaziguado, colírio
Embriaguei-me em mim, martírio

Entretida assim em puro enleio
Não vi tua chegada, esteio
Ignorei-te a cor e o vivo anseio

Enfurecida sem o lilás, suplício
Hoje choro o vazio, desperdício
Abdiquei-te, amor, por puro vício

Anorkinda

...................................................................


PROMESSAS

Sem mais promessas
que me convençam

Você faz remessas
de inúteis mensagens

Todas impressas
em coloridas maquiagens

Mas nenhuma promessa
que me convença!

Anorkinda

.......................................................................

 

QUANDO O AMOR VIRA SAUDADE

Primeiro arde o peito
queima a alma, em chamas
a vida abrasa com efeito

O fim de um relacionamento
ainda apaixonado, é intenso
a vida vira insano tormento

Depois um vácuo se instala
esfria a alma em neblinas
a vida congela e se cala

O tempo venceu o desespero
mesmo que a duras penas
a vida perde seu tempero

Por fim, um sorriso vem
invade a alma, em danças
a vida renova seu próprio bem

O coração se remenda
em fios de auto-estima
a vida segue sua senda...

Quando o amor vira saudade

Anorkinda

.......................................................


 

Quero passar

Estou chegando
o peito em brasa
ardente de dor
de amor

Estou passando
do jeito que dá
dolente, sem cor 
sem amor

Abram caminho
estou sem carinho
assim vou sozinho
sem amor

Deixem-me passar
eu quero sambar
eu quero chorar
meu desamor

Anorkinda

 

............................................................

 

REMINISCÊNCIAS

Levemente
pequenos detalhes
vem à tona

Suavemente
a brisa da saudade
sopra suspiros

Sutilmente
vens atordoando
reminiscências

Aleatoriamente
troco as lembranças
por sorrisos

Anorkinda

...............................................................

 

RESPOSTAS PRONTAS

De nada me valem
tuas respostas prontas,
teu jeito sem jeito
de explicar os fatos...

O que revelam
os gestos, o olhar,
é que me dizem
onde tudo isto vai dar...

Anorkinda

............................................

 

Retoques

a um passo
por um triz
quase alcanço
e sou feliz

cada passo
vida de atriz
num compasso
aprendiz

no teu passo
tão fugaz
me desfaço
sem matiz

quisera com meu traço
de imperatriz
romper todo laço
arrancar raiz

sufocar num abraço
o suspiro infeliz
interromper o cansaço
e te retocar de verniz

Anorkinda

.................................................

 

(RE)VER

Te ver
Seria rever
sentimentos

Te pensar
Seria repensar
acontecimentos

Te sentir
seria ressentir
alguns tormentos

Te querer
seria requerer
maior discernimento

Anorkinda

.................................................................................

 

Roda de sonho

Dança nas águas prateadas de luar
a magia dos elementos apaixonados.
Venta nas ondas doces do remanso
a brisa dos amantes enluarados.

Encanta meus olhos de mulher
a luz deste teu trilhar líquido.
Verte a lágrima mais salgada,
a gota mistura-se no translúcido.

É a lua em sua roda de sonho
iludindo a ingênua madrugada
em sua brancura despudorada.

É a mágoa em sua rota medonha
ferindo-me sempre e sempre mais
em sua loucura e teimosos ais

Anorkinda

................................................................

 

Saga em poesia

Você em meu ombro encosta
e dá vazão às lágrimas
perdidas em aposta

Você em meu peito é vento
que faz alarde às rimas
vertidas no momento

Você em meu dia é o sol
que esconde-se cruel
me deixa sem farol

Você em meu abraço afaga
e dá razão ao papel
crucial desta saga

poesia que se acaba

Anorkinda

..............................................................................

 

SAUDADE

Nasci amando.
Um amor antigo, bem cuidado.
Uma dorzinha funda
Que sempre tenho embalado
Pra ver se se aquieta
Dentro do meu peito
Que por vezes se aperta
Num nó que não tem jeito.
Então somente lágrimas
Lhe impõem algum respeito.
E a dorzinha dorme
Quietinha em seu leito
Feito de um amor bem perfeito.

Anorkinda

.............................................

 

Saudade de meu amor

Ah... dia frio sem você
vontade de esconder
o sorriso e adormecer

Sem a cor do seu amor
viagem dolorida é viver
quero me desvanecer

Um dia sem você
é ver o sol se perder
sem brilho, morrer

Ah... apareça, amor
vontade de te ver
sorrir e florescer

Anorkinda

................................................................

 

Saudades em cor de rosa

Ah...sinto saudades
daqueles dias
cor de rosa

Dias de paz e amor
daquelas horas
cor de rosa

Ah...estás nas saudades
naqueles toques
cor de rosa

Toques de amor e paz
naqueles dias
em que o ar era cor de rosa!

Anorkinda

............................................................

 

 

SAUDOSA

Era a emoção idosa
vivia, mimosa
no peito da Rosa

Falava em prosa
suspirava, briosa
em voz maviosa

Era a paixão ruidosa
vertia, aquosa
na poesia luminosa

Chorava uma grosa
encantava, Saudosa
a alma silenciosa

Anorkinda

 

.........................................................................

 


SE PRECISAR DIZER ADEUS

Não esqueça de apertar-me a mão
afagar-me a alma, afastar
a franja de meu olhar que chora

Não dispense o sorriso tímido
a sombra de uma preocupação

ofereça-me um colo
se precisar dizer adeus

Anorkinda

.............................................................................

 

SEM CHÃO

Em desalinho rondando pela casa
Relaxado, tonto e frágil
De pés descalços andando pela casa
Espontâneo, livre e irresistível

Em agonia observando tua casa
Apaixonada, tonta e febril
De mãos atadas vigiando tua casa
Espantada, louca e incorrigível

Anorkinda

.......................................................

 

Sem consolo
 
Período triste
em meu coração,
inverno...
 
O sol, longe,
distante da Terra,
de meu solo...
 
Desespero,
trovejo solidão...
 
Nem a chuva é consolo...
 
Anorkinda
 

...........................................................



Sem futuro

Lamentei meu viver
quando de um falso
eterno amor

Verifiquei, sem ver,
o descuido de relance...

E, de onde poderia
brotar linda flor...

Nem mesmo a pétala
opaca e ressequida
em triste cor

Pôde, década após década,
ser relíquia de um romance...

Anorkinda

....................................................................

 

 Silêncios de veludo


Onde podia ter sentido
o fragor dos ventos
ouviu-se apenas
o silêncio
dos olhos
molhados


Onde podia ter carinho
o calor dos abraços
sentiu-se apenas
o silêncio
do braço
gelado


Onde podia ter vertido
o amor dos tempos
ouviu-se apenas
o silêncio
do verso
alugado


Onde podia ter vinho
o licor dos gostos
sentiu-se apenas
o silêncio
dos labios
crispados

Anorkinda

...........................................................................

 

Só e em segurança!

De uns tempos para cá
mudei o cabelo
mudei o endereço
mudei o codnome
mas ainda quero ver
a reação tua
diante das mudanças

Depois de nós
avancei uns passos
adiantei uns ponteiros
avistei um futuro feliz
mas ainda desejo crer
de que tu vais (ó esperança!)
sofrer com minha nova vida
sem tuas cobranças

Anorkinda

...........................................................

 

Solidão

Era tarde da noite
e a escuridão
falava com a saudade

O telefone, mudo,
não tocou o dia inteiro...

Era tarde, madrugada
e a solidão
falava num poema

Anorkinda

.............................................................................

 

 SUMIÇO


Letras descem tremendo
tenaz pensamento
compromisso deságua
pranto e sumiço

Muralhas de lágrimas
construindo a vontade
sentimento ápice
sombra e mágoa

Palavras crescem tremendo
capaz pensamento
compromisso triste
choro e ideias 

Encontro do desaguar
regulando os maus
sentimentos materializados
falo e não faço

Anorkinda
 

...........................................................

 

 Talvez plateia

enrosco
gente
longe o olhar
vontade de ficar
perdida no encantar

Talvez estreia
crepúsculo
porto
longe o olhar
mirando o derribar
do dia de te amar

Anorkinda
 

......................................................

 


Tentativas

Nas declarações vazias
de um rôto dia-a-dia
as tentativas
sobrevivência

Nas situações vazias
falta de harmonia
as repetitivas
subserviências

Nas decisões adiadas
falta de iniciativa
as covardias
anuências

Nas soluções adiadas
de um sonho à deriva
as finas fatias
da desistência

Anorkinda

......................................................................

 

 

TRAGÉDIA

Ao buscar o lume tênue
nesta vida passageira
Posso de mim perder-me
arriscar-me, aventureira

Ao trilhar o insólito
desta vida incoerente
Posso de ti lembrar-me
provocar-te, inconsequente

Ao perder o rumo certo
nesta vida instigadora
Posso de nós arrepender-me
desperdiçar-me, perdedora

Ao morrer o instante
desta vida efêmera
Posso até converter-me
profetizar-me, gêmea

da tragédia e do fim do amor

Anorkinda
 

 

..............................................

 

TROVOADA

A briga soou
como uma trovoada
Não deixou
brecha pro silêncio...

O desfecho
não seria diferente
Choveu
incompreensão...

e inundou o amor

Anorkinda

.........................................................

 

Tua poesia

Entranhada nos gestos
nas mãos que se dão,
a poesia corria
em veias de paixão...

Abrandada em lassidão,
a poesia vertia
lenta, conta-gota, mansidão...

Exclama o corpo e a alma
versos intermináveis,
o bálsamo, a cura e a calma...

Reclama, hoje, a vida
na solitária palma,
sem teu toque
em tédio e trauma...

Anorkinda

...........................................................................

 

 Tu(do)


Tu não eras apenas o impulso
a dádiva divina para a mudança

Tu eras o amor manifestado
em corpo jovem, esperança

Tu não eras apenas o susto
o imprevisto plano

Tu eras o amor retemperado
em distância e temperança

Tu não eras apenas o pulso
do passado, engano

Tu eras o amor acariciado
em sutil presença

Tu não eras apenas o urso
de pelúcia da conversa

Tu eras o amor agraciado
em plena festa

Anorkinda

...................................................................

 

Solidão

Era tarde da noite
e a escuridão
falava com a saudade

O telefone, mudo,
não tocou o dia inteiro...

Era tarde, madrugada
e a solidão
falava num poema

Anorkinda

......................................................

 

 

Um farol
 
O sol se foi
em crepúsculo...
O sono logo vem
 
Mas eu preciso
resistir, sonhar
não me convém...
 
Um farol salvaria
minha determinação...
 
Vigília da emoção,
a insônia é tua ironia.
 
Anorkinda
 
 

...........................................

 

VACILO

Eu vacilo
ao te ver
Meu vacilo
é te perder
de vista...

Eu vacilo
a temer
Meu vacilo
é perder
tua pista...

Eu vacilo
a retroceder
Meu vacilo
é não te querer
bem...

Anorkinda

...........................................................

 

VAI

Como quem nada diz
Siga o rumo teu
Não diga adeus

Vá a procura de ser feliz
Diga o nome meu
ao mar e fique em paz
Não finja ser capaz
de me cativar

Anorkinda

.........................................................

 

 

Vento e areia
 
Nosso amor
espumas ao vento
movimentos, marés
 
Sem valor, sem adeus
seus passos apagados
pelo tempo
 
Memórias 
e grãos de areia
infinidades, detalhes
 
Sem dor, sem retorno
minha voz silenciada
entorpecimento
 
Anorkinda
 
 
 

......................................................................

 

VIAGEM/MONTARIA

Embrenhei-me nesta viagem
contigo

Sem saber nem qual tipo
de montaria

Nem pra onde iríamos,
nem porquê

Aventurei-me por você,
amor

Sem perceber que tua
estrada

Nem de perto era o que
eu esperava!

Anokinda

.................................................................

 

 Visitei teu brilho


Pois é, visitei tua casa
teu espaço mais sagrado
pediu-me pra ficar, fez graça
mas logo fez-se de rogado

Sim, é lindo tudo por aí
tudo brilha e tem luz
floresce a vida por ti
mas da dádiva não faço jus

Pego carona na onda
mais serena que passar
despeço-me, meio tonta
na beleza que é te amar

Anorkinda

........................................................................

 

Você

é de um passado
já passado
ultrapassado
que tua imagem chegou

é no presente
melhor presente
que se pressente
a inutilidade desta imagem

é agora
aqui e agora
que vais embora
com imagem e completa bagagem

Anorkinda