com VIVIANE RAMOS
EU VERSUS POETISA
É grande a disparidade
entre a poetisa
e a pessoa
É estranha a polaridade
entre a palestra
e a poesia
É intensa a verdade
que na mente
se faz rima
É certa a insanidade
que em versos
nos domina
Anorkinda e Viviane Ramos
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A LUA EM MIM
Beijos latentes
ardentes
provenientes
da boca promíscua
lasciva
perdida
que busca a tua
cheia lua
a minguar em mim
Carícias tantas
gargantas
em ecos roucos
paixão ambígua
rica
ardida
a queimar em lua
crescente
que renova em mim
Viviane Ramos e Anorkinda
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GUERREIRO APACHE
Branco, que restou de seu orgulho?
Onde estão os louros de tua conquista?
Onde está o verde que te alimentava
e que, maliciosamente, desdenhastes?
Onde anda o sobrepujo
Dos amores de tua vida
Onde vai a força que te guiava
na maldade em que te embebedastes.
Hoje, acabou tudo que te aprazias
Escutas agora a voz do silêncio?
Sentes o vento em fúria a te buscar?
E eu ainda estou aqui para te guiar...
Tu segues em buscas vazias
Tentando preencher teu vácuo tão imenso.
Anda pelo mundo a procurar
O que só dentro de ti, há de encontrar.
As tribos da Terra ainda estão aqui
Pra te orientar, te reconectar
A Mãe Terra te espera, homem branco
Com sua alma a te abraçar!
Viviane Ramos e Anorkinda
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Louca Desvairada
Louca menina desvairada
Hoje já não tem pudor
Não cede teu desejo a nada
E não busca o amor.
Brandamente descarada
Todos clamam teu ardor
Mas não anseia ser amada
Apenas abrandar teu calor.
Pequena menina alada
liberdade em frescor
Por nada é amarrada
Nem pelo vil desamor
Faz de sua vida marcada
em açoite de dor
Um grito da aclamada
Ânsia por mostrar seu valor
Anorkinda e Viviane Ramos
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Mulher
A raiz da mulher é fincada
Em seio de ternura
E isto a obriga a amar.
Somos de natureza, indulgentes
Inteligentes seres
Ainda assim nos deixamos calar.
Fingimos ser fracas
Para não confrontar o “forte”
E mesmo caladas,
Pensamento ruma ao norte.
Aparentamos ser mansas
Para não despojar o viril
E conquistamos
O mundo de forma sutil
Somos a beleza manifestada
Perfume de fada
Ainda a espera de se revelar
A motriz da mulher é consciente
Em mente candura
Ou é ímpeto a desencadear
Viviane Ramos e Anorkinda
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NO ESCURO
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Nós
Tu te lembras...
De quando descobriste minha presença?
Tocou o ventre e sentiu a essência
E eu senti o calor de tua mão.
Tu te lembras...
Da hora em que choramos juntas?
Soprou uma voz de forças muitas
Declarando nossa união.
Eu me lembro...
Guardo no peito
A canção que marcou o feito
E nos inundou de emoção.
Nos relembramos...
Desenhando o destino
Nas cores do verso menino
Que formatou a comemoração
E estamos unidas,
Entrelaçando nossas vidas
Em poesias coloridas
Pelos caminhos do coração.
Viviane Ramos e Anorkinda
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O quebra-cabeça das peças móveis
Em base azul
e peças disformes
este jogo
fez-me doida
Mexo aqui e ali
arrasto peças conforme
O anseio que há em mim
E me faço boba.
Em frenesi
componho o desenho
que bem quero
sem sorte
nem nexo
Sem temer errar
A peça não encaixar
Deixo-me em desconexo
e a obra
nunca pronta
é a vida em desafio
Viviane Ramos e Anorkinda
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Por que, poeta?
Por que amarras a veia
que pulsa
até que ela inche
e arrebente
numa folha amassada
ao lixo lançada?
Por que tanta repulsa
Pela liberdade latente...
De quem esconde a cara
Fazendo das regras tua máscara?
Por que te entregas
ao medo
latente e pungente
o cruel assassino
da liberdade,
mãe da poesia?
Por que te prendes ao enredo
Julgando ser conveniente...
Temes deslizar na tua verdade?
Rasgue o prudente e deixe a mão fluir!
Anorkinda e Viviane Ramos
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Visão Maquiada
Menina arrumada
saia engomada
boca ensebada
diz que é cortejada
por todos é cobiçada
mas será que é amada?
Mulher maquiada
sai apressada
madeixas alisadas
se diz amargurada
por todos desprezada
não vê o quanto é adorada?
Viviane Ramos e Anorkinda