com MARLENE CAMINHOTO NASSA

 

 

DE REPENTE, POESIA


Inseriu-se lentamente
num toque de desassossego
e o leitor sentiu-se tonto
com medo do brinquedo

A poesia fez-se luz
brindava ao puro amor
retirava espinhos de dor
abria sorrisos espontâneos

Mas o medo não impedia
toda a ousadia de tentar
e as palavras borbulhantes
explodiam dele, sem parar

E soltos, os versos formavam
estrofes em profusão e finalmente
nascia assim uma linda poesia
de outra maneira e de repente!

Anorkinda e Marlene Caminhoto Nassa

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ESPEIO FEIO

Espeio marvado
saia já do meu lado!
Onde já se viu me mostrar desse jeito?
Vou tomá peito e te quebro!

Num tenho tanto defeito!
Sou uma belezura
e não essa feiúra
que ocê insiste em mostrá...

Pruquê ocê não me revira
do lado de drento da alma?
Lá tem linduras que brilham
todo dia, ocê num qué vê!

Espeio desmiolado
não me provoque
de módiquê que te espaio
em mil caquinhos de desprezo!

Marlene Caminhoto Nassa e Anorkinda

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MEU EU EM SUSPENSE

O que esse espelho esconde?
Não consigo sequer atinar
talvez nunca tenha mostrado
minha imagem sem falsear

Por que isso acontece?
Estou perdendo a meada
seu eu não entender isso
ficarei muito enrolada

O que esse espelho me diz?
A verdade sem pudor
o que não consigo é ver
sem a névoa da ilusão

Por que isso acontece?
Sou mulher desenfreada
se eu não me derrotar
já estarei salvaguardada

Marlene Caminhoto Nassa e Anorkinda

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O TOM CORRETO

Eu dedilho um verso de dor
esperando na poesia alcançar
o tom correto e o caminho que for
para seguir os passos e voar

Mas a nota dissonante
persegue-me a todo instante
e não consigo nem mais sonhar
imagine se poderei voar...

Eu esmerilho um presente
melhor que todo o passado
o tom poético pressente
meu passado apressado

Enfim, eu luto somente
para que minha mente
trabalhe longe da dor
e permita-me um novo amor

Anorkinda e Marlene Caminhoto Nassa