com DANNIEL VALENTE

 

 

 A FACE DE MEU BEM


Destinando velas
pra lá e além
fui desapegando
porto de meu bem

Traquinando letras
pra poesias também
fui redesenhando
a face de meu bem

Destinando telas
pinturas que fazem bem
redescobrindo, zelando
costurando um mundo zen

No tempo agora, esse vai e vem
apalpo estrada, estrela
carícia na flor da arte
luzes, luas, céus...a face de meu bem.

ANORKINDA E DANNIEL VALENTE

 

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 CAFÉ COM LEITE
 
Ao café intuo 
que o poema vem
 
Como açúcar diluo
a inspiração que me tem
 
Derramo noite na xícara
e a lua também
 
Meu café tem poema
eu vejo além
 
Anorkinda e Danniel Valente

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  DOÇURA


doces chuvas banharam a alma da rua
a lua, escondida, espiava o movimento
das gotas mansas em banho bento

leves brisas espalharam as águas
do céu, atrevidas, sopravam lamentos
só pra ver a noite em sofrimentos

doce amanhecer esquecido
nem sabe que existiu a tempestade,
veio fácil, por Deus oferecido

a cantar a alegria, cumprir sua missão
que a dor, veio de passagem
mas deixou sua lição.

ANORKINDA E DANNIEL VALENTE

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 Inspiração crua


Eu ficaria desapontado
olhar para o papel
e ver a face nua.

Algo por dizer,
estrada sem paisagens
desafio do poeta.

Eu forjaria, adulterado
um verso eloquente
pra ruborizar a lua

Algo pra dizer
que a folha branca
não dita as regras

Danniel Valente e Anorkinda

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Meta abissal

O verso deu a mão, certo dia
ao tempero melhor que havia
tinha um perfume colossal
trazia lembranças de sal

Armou-se do melhor tom
lilás, amarelo, azul
pôs na rosa um batom
viajou de norte a sul

O verso seduziu leitores
apresentando seus amores
poesia que supera o inefável
tornou-se puramente saboreável

Armou-se do melhor gesto
decifrou a palavra universal
pôs a linguagem no cabresto
fez-se um espírito abissal

Anorkinda e Danniel Valente

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 NOVO CANTO


Das estrelas ouviam-se os rebrilhos
e nas noites o cântico era santo
Golpeava o vento nos estribilhos
carrregados de amor no novo canto

Fêz-se silêncio por alguns minutos
e iluminaram-se os sonhos
Pudemos desvestir os lutos
que nos deixava enfadonhos

A vida outra vez nos trilhos
sem fazer do sonho o espanto
vozes na noite, são grilos
o vento nas folhas, o canto

Musical é o meu silêncio
que declama amor e espinho
muito mais do que penso
é a poesia, sempre carinho.

ANORKINDA E DANNIEL VALENTE

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 PAIXÃO


Estou aqui
de passagem
sentindo
a aragem

Estou aqui
em silêncio
sentindo-me 
em você

Vivendo cada paisagem
o seu mundo é viagem
universo a me perder

Você é a seta da estrada
que mostra o mar
ondas agitadas
a me levar.

ANORKINDA E DANNIEL VALENTE

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 SIMPLICIDADE


Gosto desta rua antiga
deste muro desbotado,
do capim que cresce ao redor.

Gosto da minha igreja
a simplicidade do louvor,
dos velhos amigos da praça.

Gosto do verde entorno
deste céu azul límpido
em amplidão e fulgor

Gosto deste meu amor
frugal, origem da vida
em estado de graça

Danniel Valente e Anorkinda