À espera

À esperança
que hibernou
pacienciosamente

trago um ramo
de coloridas flores

antecipando
a primavera
que sorri

logo ali à frente!

Anorkinda

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A morrer de frio

De qualquer cor
tamanho ou feitio
empreste-me, amor
um casaco qualquer...

é pra esquentar-me
deste tremendo frio
bem ligeiro, abriga-me
com o casaco do general...

apenas aqueça-me
ou, amor, esqueça-me...
pois neste alto inverno

quem sente o tremor
dos ossos, um horror...
entrega-se ao sono eterno

Anorkinda

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Aqui, primavera

Aqui no sul, primavera é dos ventos
varre flores das árvores mais coloridas
faz-se tapete de pétalas, roxas, amarelas
a cor em profusão pra encantar os passatempos

Aqui no parque, primavera é das águas
refresca dores dos amores mais difíceis
traduz-se em ondinhas, todo lago tranquilo
o líquido dizer sobre a existência e suas mágoas

Aqui na cidade, primavera é das gentes
preparam a pele pro verão quem vem logo ali
nascem os sois a cada dia mais perto do solo
o chão pré-aquecido que nos põe mais veementes

Anorkinda

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Atmosfera primavera

Flutua
no espaço
na sombra

Atmosfera
cor-de-rosa

Flores
a promessa
do fruto

A espera
primorosa

Fleuma
da arte
Criação

A primavera
vida viçosa

Anorkinda

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Banquete girassol

Servido à mesa
um gosto de sol
um refresco de heras
um ar fresco de primavera

E de sobremesa
uma luz especial
uma fragrância amarela
uma distância das querelas

Anorkinda

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Dança das folhas

As folhas dançam ao vento
orquestrada pelos tempos
o ritmo da música divina

Inverno, gélido intento
em poro contraído
as folhas gozam

Primavera, florescimento lento
as folhas em verde tenro
dançam passos bailarina

Verão, calorzinho bento
em passo retraído
as folhas coram

Outono, céu cinzento
folhas se espalham no terreno
ensaiam passos purpurina

Anorkinda

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Frio no sul

Fim de semana
o Minuano cantou na janela
trouxe um ar do passado
pois ha tempos a visita
do vento não se fazia
em tamanho alarido

Fim do outono
a Massa Polar avançou
sobre todo o Estado
enregelou as horas
tardias, ressecou a poesia
em tacanho pedido

-Sobreviva com entusiasmo!

Anorkinda

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Inverno aqui, inverno lá

Floresce a Terra
em hemisfério norte
traz muito mais sorte
a quem tremeu num frio
além das estruturas

Já no sul encerra
o calor, o vento sopra
outono e tudo o que sobra
é o que mais está capacitado
a enfrentar agruras

Anorkinda

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 MANHÃZINHA...


Ouvindo uma solitária cantoria
Acordei sorrindo...

O sabiá bem entretido, fazia
a primeira anunciação...

A primavera está chegando
já se faz canção...

Sentindo um privilégio divino
orei: amor, seja bem-vindo!

Anorkinda

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O outono e a borboleta

Quando o verde amarelar
e o outono vestir marrom
meu barco vai passear
pelas bandas de além-mar

a buscar a grandeza
da primeira reza que estará a louvar!

Quando o orvalho avisar
com seu brilho matutino
que o casulo vai abrir
tuas asas vão colorir

a natureza que espera
o primeiro botão de primavera florir!

Anorkinda

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Outono

Outra vez
as folhas caem
preparam
para o frio
a força
da hibernação

Anorkinda

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OVERDOSE ROSA

Pelos caminhos cinzas da vida,
certo dia, amanheceu primavera.
Foi surpresa, inesperada, atrevida,
dessas que a gente nunca espera.

A chuva de pétalas abriu cancelas,
perfumou a monotonia, foi uma bênção.
Das árvores, as folhas mais belas
farfalharam novidades de redenção.

A paisagem de uma overdose rosa
incitava ao amor e a compartilhar
das belezas únicas deste lugar.

No coração, a alegria escandalosa
denunciava ao mundo, o prazer
pelas mudanças neste bem-viver.

Anorkinda

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Pessimismo

O frio é intimista,
contrai a pele
e os lábios.

Se da ira
me afasto,
a melancolia
instala-se...

E o frio, pessimista,
atrai e repele
os sábios

conselhos:
- Mira
à frente,
a primavera
trará sua poesia!

Anorkinda

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Poesia de inverno

Dia de sol no  inverno
É dádiva e canção
É cantarolar a céu aberto
e ter calor no coração

Passeio na tarde fria
É convívio e comunhão
É fazer parte da família
dos elementos da Criação

Respirar e escrever poesia
É alívio e satisfação
É ter na vida a alegria
de esparramar emoções

Poema que se faz eterno
É viagem e solução
É silenciar no deserto
e ser amigo da solidão

Anorkinda

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Por que as folhas morrem no outono?

Para que a chegada do frio inverno
não lhes perceba as cores vivas
o viço natural, tão amoroso e terno

Para que o vento gélido e frígido
não lhes arrebate o vigor
nem lhes assuste o forte bramido

As folhas verdes da Natureza
preservam-se morrendo
Viajam de volta ao lugar da beleza

Deixam como homenagem
seus tons marrons
lembranças desta passagem

Anorkinda

 

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Quando setembro vier...

Ela sabia
havia lido
em livros

Que todo
o frio
se afasta
em setembro

Ela sabia
havia visto
em filmes

Que todo
o amor
se aquece
em setembro

Ela sabia
havia dito
às flores

Que todo
esplendor
do sol
as beijaria
em setembro

Ela sabia
havia previsto
tudo isto

Quando todo
o pulsar
do peito
quase taquicardia
sussurrou: em setembro!

Anorkinda

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Será que ela vem?

Espio vez por outra
a envidraçada janela:
- Será que ela vem logo?

Desconfio desta demora,
o inverno já se faz longo...

Assovio ao vento gelado,
ele me responde apressado:
- Sim, ela vem sem atraso!

Arrepio, um susto eriçado,
a primavera há de me tirar o engasgo!

Anorkinda

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VISITAS

Peninhas de passarinhos
me visitam com o vento
que entra pela porta
tarde de verão

Pétalas coloridas
visitam o chão
da sala fresca
primavera

Folhas secas e amarelas
visitam-me com o vento
perturbador deste outono

Anunciam-me o inverno
próximo e sua total
falta de luz e visitas

Anorkinda