De A a E
À espera do sol
Espero o sol nascer
desnuda de passados
expectativa amanhecer
Expert, o astro-rei
sabe como apetecer
introspectiva entrega
Esmero de todo o dia
colocar-me a renascer
Exceto quando tu não vens
e meu peito desassossega
Anorkinda
.................................................................................
A tecelã e o trovão
Uma pequena tecelã
vivia a tecer sonhos
com suas mãozinhas
e olhos tristonhos.
Ela tecia num afã,
sem piscadela,
um lindo amanhecer
de faíscas amarelas.
A pequena tecelã
sorria ao tecer
o céu azulado
e as pradarias.
Uma chuva vã,
num certo dia,
assustou a moça,
tremeu ventania.
A tímida tecelã
não podia ver
o céu em fúria
e a escurecer.
Em loucura sã
ela suplicou.
O forte trovão
lhe percebeu
frágil tecelã
em desespero
que tecia o céu
com tanto esmero.
Enviou sua irmã,
a luz-relâmpago,
para iluminar-lhe
um simples recado:
'Acalme-se tecelã
sou passageiro.
Vou embora logo
deixo-lhe o cheiro
da terra terçã
tão acostumada
aos ciclos mutáveis
de febre depuradora.
Querida tecelã,
vou-me agora,
volte ao teu céu
límpido em aurora
e eu como um ímã,
em magnetismo,
te amarei nesta
distância de abismo!'
Anorkinda
..........................................................
A Apatia
Era fim de mais um dia...
Normal, a apatia
querer instalar-se,
rainha da situação.
O cansaço a chamou,
mas a teimosia,
minha mania
mais querida,
afastou esta audácia:
- Vá escurecer outro coração,
por aqui só há lugar
para ativa imaginação!
Anorkinda
...........................................................
A caixa de Denise
Dentro da caixa havia
Um pequeno mundo
Mundo feito de conchas
A relíquia de alguém
Alguém guardou com cuidado
Esqueceu como o vento
Vento que viaja sem rumo
E neste mundo se encaixa
Encaixa as conchas da caixa
Em forma de pequeno mundo
Mundo em que Denise se deliciou
Viajando leve como o vento
Anorkinda
...........................................................................
A concha e a onda
Segura, a conchinha sossegou-se
em beira-mar, o sol a lhe esquentar...
Atrevida, a onda achegou-se
em vai-e-vém, a maré a lhe embalar...
Paixão, os opostos se atraem...
a diferença entre elas a encantar
Romance, os fatos se impõem...
a lua também vai testemunhar
Um amor que não vai se acabar!
Anorkinda
...............................................................
A lua cheia está escondida
Chuva fina e o frio
escondem o esplendor
da branca lua cheia
em um líquido vazio
Véu de nuvens cinzas
acometem ao refletor
satélite que enleia
os sonidos ranzinzas
Lamúrias de estrelas
inserem nas gotículas
que caem abundantes
a insatisfação delas
Noite clara e o rito
vertem as partículas
luzes revigorantes
em um ato contrito
mas hoje a alma foi recolhida
Anorkinda
..............................................
........................................................
A MUSA DO REI ll
..............................................
A MUSA DO REI lll
Na rosa delicadeza
ela é a flor
exala sua fragrância
por suaves poros
Ela induz à grandeza
de um puro amor
exalta a constância
mãe em seu colo
Feminina realeza
conduz em primor
sonhos e importâncias
de todos os fóruns
De gentil natureza
botão em frescor
ganhos e abundâncias
ela completa o quórum
para a criação da beleza!
Anorkinda
....................................................
A MUSA DO REI lV
Perdidos pensamentos
em tarde ensolarada
desfruta ela da calma
das águas translúcidas
Esqueceu os lamentos
largados em almofadas
estende ela sua palma
às delícias da vida
Vestidos de momentos
os acordes do Nada
seduzem sua alma
com bonitas minúcias
Acendeu sentimentos
pálpebras sossegadas
fecham-se ao trauma
da dor não se faz sócia
libertou-se dos condicionamentos
Anorkinda
.....................................................................
A MUSA DO REI V
O rubro e macio tecido
rouba-lhe o escarlate
sangue de suas veias
fluido de amor pulsante
O perfume é pressentido
pelo pintor, artista e vate
fragância a que se anseia
imbuído de amor revigorante
A maresia traz sentido
e a delicada cena invade
num vento que permeia
a sensibilidade ali reinante
A essência do vestido
conclui em si o arremate
contraste quente em cadeias
invisibilidade viciante
de ser parceira da felicidade
Anorkinda
............................................................
A MUSA DO REI Vl
Trouxe consigo reflexões
o clássico romance
em páginas amareladas
e ela, feliz, entregou-se
Deslizou em suaves emoções
no pensamento, relances
filosofias inacabadas
de todo método livrou-se
Rememorou inúmeras situações
na leitura, a sua chance
de arejar teorias mofadas
e de toda cicatriz, curou-se
Trouxe novas conexões
ideias e nuances
horas tão delicadas
onde o bem-estar renovou-se
em letras, enleios e paixões
Anorkinda
...................................................................
A MUSA DO REI Vll - Uma linda mulher
Sua beleza em divã
senta-se a incrustar
na vida uma aura
de dourada divindade
Toda arte num afã
deseja lhe retratar
mas sua alma pura
exala humildade
Da nobreza é irmã
sente-se o amar
que na pele rara
verte naturalidade
Toda febre terçã
enseja lhe tocar
intermitente seara
a cultivar bondade
em natureza sã!
Anorkinda
.............................................................
A MUSA DO REI Vlll - Mocidade
Doce menina ainda
acompanha o flutuar
ela se vê, inconstante
à mercê do tempo a passar
Sua mocidade é bem-vinda
aroma e frescor a verter
sua vida é cada instante
e lhe beija o alvorecer
Doce menina linda
abrangente é seu amar
ela se sente palpitante
à espera de seu maturar
Sua felicidade brinda
neste suave percorrer
sua vida é importante
veio feminino a renascer
Anorkinda
....................................................................
A Noite das borboletas
No escuro brilharam
pontinhos de luz
coloridos, pirilampos
Eles anunciaram
as borboletas
coloridas, boas-novas
Quase desfaleci
caí, assustada,
uma fadinha falava:
- Que se faça nossa amizade!
Ali mesmo aprendi
da vida encantada,
da tristeza não precisava
Na conexão cintilaram
asinhas de pura luz
coloridas, purpurinas
Elas contaminaram
as atmosferas
comovidas, alegrias
Anorkinda
................................................
.......................................................
A Poesia e o Samba
.......................................
A pena
......................................................
A tua cura
A tua porta surpreendi-me,
não tinha esperanças
de que me abrigarias
do frio da morte.
A tua solicitude abateu-me
apaixonada, criança...
A tua alma rendi-me,
não tinha forças,
minhas avarias
eram tantas...
A tua dedicação tornou-me
curada, novamente moça.
Anorkinda
.............................................
A viver
Estava decidida
a voar livre
borboleta
de vida
poesia
Era corajosa
e plenamente
ela viveria
Anorkinda
........................................
Alegria
Costura, guria...
A barra da vida
A bainha do dia...
Costura poesia...
Amarra fantasia
com a linha turquesa
para que a alegria
seja certeza
Anorkinda
.............................................................
Alegria Alegria
Todas as cores celebraram
Alegria alegria
Sorria o dia em festa de vida
Todas as gentes cantaram
Alegria alegria
Folia em dia de nova primavera
Todas as bênçãos caíram
Alegria da alegria
Chovia o dia da paz mais colorida
Anorkinda
...................................................................
AMOR CIGANO
É como o voo da mariposa...
livre, com sabor de vento...
um amor cigano
É forte desejo na pele...
leve, com aroma sutil...
um amor leviano
É como a chuva de verão...
solto, com frescor de momento...
um amor mundano
É fugaz paixão do corpo...
lindo, com sintoma febril...
um amor profano
Anorkinda
.................................................
Apaixonante lua
Tudo se deu quando
ela percebeu
o reflexo da lua
no imenso mar
Apaixonada e tanto
ela enlouqueceu:
mergulho fundo
ou voo ao céu?
Sentiu-se mais perto
do firmamento
estrelas companhias
Decidiu alçar voo
jogou seu espirito
ao céu, a casca no mar
Anorkinda
..................................................................
AS MARAVILHAS DE PÁSARGADA!
Pasárgada maravilhosa
Onde reina a jovialidade
e disposição!
Pasárgada terra ditosa
Que premia a mocidade
e a sedução!
Pasárgada primorosa
Onde teima a graciosidade
em rebelião!
Pasárgada ilha formosa
Que irradia a felicidade
e a redenção!
Anorkinda
..................................................................
As rosas e as horas
Ao brincar com os ponteiros
pétalas de rosas faceiras
ludibriaram as horas
Com perfumes vermelhos
os minutos já não se arrastam
agora eles voam felizes
cantando o tempo
como pequenos aprendizes
encantando momentos
esquecidos das demoras
Anorkinda
...................................................................
ASSOMBRO
Sempre se remete à noite escura
ao pio da coruja, uivo na lua cheia
mas assombro mesmo é ser sereia
em terra seca, em constante procura
pela água pura sem origem obscura
o bálsamo de um amor que clareia
Anorkinda
...................................................................
..................................................
Aventura
..........................................
Azul borboleta
Emanações
fluidos
brilhos
em azul
borboleta
Vibrações
ruídos
rastros
em tons
borboleta
Intuições
sinais
centelhas
em voo
borboleta
Dimensões
surreais
passos
em compasso
borboleta
Anorkinda
................................................
Baile na roça
Te convido, amigo
Vem!
Vamos dançá
até o dia raiá!
Vamos proseá
até a língua cansá!
Temos disposição
e belas companhias!
Música da boa
no arrasta-pé da folia!
Anorkinda
................................................
Baile na roça
Te convido, amigo
Vem!
Vamos dançá
até o dia raiá!
Vamos proseá
até a língua cansá!
Temos disposição
e belas companhias!
Música da boa
no arrasta-pé da folia!
Anorkinda
..................................................
BALBÚRDIA
..............................................................
BALÉ DAS CORES
.............................................................
Balinhas sortilégio
A vontade de comer doce
sempre foi maior em mim
do que qualquer aviso
de prudência ou regime
Meti a mão e um punhado
de fazer gosto retirei dali
Do pacote estrelado
oferecido por um mago
Eram balinhas sortilégio
elas traziam o gosto
da sorte que anunciavam
A bala rosa descobri
que tinha gosto azedo
de amor de brinquedo
A azul anil era forte
deixou a boca ardendo
como a paixão se derretendo
A balinha branca
prometia a paz, que nada...
gosto de lágrima danada
Língua ficou roxa
com a bala desta cor
desilusões no sabor...
Redondinha e amarelinha
a balinha da energia
tinha gosto de magia
A melhor foi a bala
multicor, (aposto
que você sabe do que mais gosto...)
o gosto era de amor!
Anorkinda
.................................................................
Barca da beleza
É chegada a barca
da beleza!
Rendemo-nos à ela...
Senhora dos mares,
dos amores,
das cores da vida.
Que seja bem-vinda,
pureza!
Abracemo-nos em tela
caprichada,
retocada
na leveza dos ventos.
É a nossa travessia,
natureza borboleta...
De fazer da mudança,
uma bem-aventurança!
Anorkinda
.............................................................
Beijo de sonho
Um sonho antigo
certo dia
piscou-me
Era eu ainda
menina
E ele insistia
em piscar
Fizemos história
quando
num belo dia
beijou-me
num brilho
de faiscar!
Anorkinda
......................................
Bela prostituta
.......................................................
Beleza fantasma
A lua incitava ao passeio
múltiplos guizos iludiam
os tementes em receio
A calma dela em rosto
alvo, resplandecia
noite de agosto
A escuridão e o frio
eram-lhe companhia
mistério, arrepio
A morte paria singeleza
reflexos n'água sugeriam
solução de eterna beleza
Anorkinda
..............................................
Brado
Solidão...
o relógio
companheiro
De manhã
o grito:
Minha hora!
Canção...
parece bem cedinho
Da janela
vejo você alegre
Quem sabe abro:
- Aqui!
Anorkinda
........................................................................
Branca e o Príncipe
Em alva pele e escuros cabelos
Branca de Neve, órfã tão bela
nas mãos madrastas, destino
incerto em floresta fechada
Chegou à pequena princesa
ajuda dos animaizinhos
não a deixaram sozinha
na profunda mata entrou
Em casa de sete anões
foi acolhida com festa
e alegria, mas a inveja
madrasta não a largou
Provou da envenenada
maça, a princesa alva
e linda, uma pintura
Em semi-morte Branca
ficou até o dia certo
em que o Príncipe
Passou ali por perto
de onde o esquife
fora descansado
Em delírio de amor
o rapaz reconheceu
a linda princesinha
que um dia conhecera
Beijou-lhe o rosto
movimentando
assim seu corpo
e a fração maçã
Em sua garganta
alojada, asfixia
soltou-se logo
aliviando a moça
Sorriu a princesa
ao herói, salvador
celebraram os anões
a vida tão preciosa
Em castelo ataviado
casaram-se, baile
de gala e brilhos
coroaram-se Branca e seu Príncipe
Anorkinda
........................................................
Bruxa fiandeira
Ela queria ficar bonita
teceu uma fita colorida
Trançou um laço
Não quis abraço
E saiu pra aprontar!
Anorkinda
..........................................................
Busca
Atrevido
buscando um ar
respirável
o sujeito
criança
seguiu sozinho
pela avenida
da esperança
Anorkinda
.........................................................................................
Cafezais em flor
Hoje desperto com um novo perfume no ar
São de flores que nunca vi
Mas a fragrância é néctar a exalar
Abro a janela e com o sol a despontar
Vejo o espetáculo bem ali
Sem palco montado mas espetacular
Sabia que seria uma experiência sem par
Passar um feriado aqui
Em meio a natureza a transbordar
Guardarei para sempre o primor
da felicidade que sorri
Com a visão dos cafezais em flor
Anorkinda
....................................................
Canção
O canto foi alento
embalou a emoção
que jazia inerte
semi-congelada
em exaustão
Trouxe consigo
uma certeza
O canto era bento
iluminou a paixão
que hoje verte
desmesurada
em refrão
Abraçou comigo
a natureza
das sintonias
Anorkinda
..................................................................
Cantiga de ninar querubim
Embalar sonos e sonhos
é tarefa mística e encantada
Em nevoeiros e brumas
a barca do acalanto ruma
Afagar pequenos querubins
é missão mágica e sagrada
Em cantigas e melodias
a cadência do aconchego assovia...
Anorkinda
...............................................................
CANTIGAS DE CHUVA
Uma cantiga alegre faz a chuva
quando também brilha o sol
Casamento de raposa ou viúva
notas em escala bemol
Mais triste fica a cantiga
da chuva em grossas nuvens
Desaba uma choradeira antiga
relembrando velhas dores
A cantiga ficou irada
vociferando pelo céu
EM horas de trovoada
tons fortes em escarcéu
Quando a chuva é garoa
a saudade canta junto
É melodia suave e boa
cura um pouco o mundo
Mas a cantiga mais forte
é aquela dos grossos pingos
Com calor traz boa sorte
nas melodias dos domingos
Anorkinda
..........................................................
Carinho carijó
Tô preparada
aos cuidados
que você exige...
Canjinha quente
travesseiro fofo
lencinho de papel
O morango vermelho
é vitamina C
uma colher de chá
pra adoçar teu paladar!
Anorkinda
....................................................................
..................................................................................
CATAVENTO VERMELHO
Mostre-me o vento quente, catavento.
Faça pirraça com o tempo ausente.
Mostre-me o vento vermelho, catavento.
Dê gargalhadas comigo, alegremente.
Vamos correr pelo espaço colorido.
Fazer piada com o vento, catavento.
Vamos brincar como um pássaro atrevido.
Assoviar a canção do tempo, catavento.
Vamos ser felizes, catavento vermelho.
Anorkinda
.................................................
CATIVO
............................................................
CAVALO MANCO E SELVAGEM
Veio trotando torto...
O cavalo manco
que era também selvagem
Trouxe o galope manco
o cavalo bronco
que era também coragem
Veio a trote tonto...
O cavalo selvagem
que relinchou contente
Trouxe o galope louco
o cavalo coragem
que cativou toda gente
Anorkinda
.............................................................
Chá de amor
Sirva-se à vontade
de porções de amor
e bolachinhas
de variado sabor:
caramelizadas de carinho
amanteigadas dos amantes
broas de vida boa
Venha de boa vontade
compartilhar amor
e fantasias
de agigantado valor
Anorkinda
...................................................................
CHÁ DE CRIANÇA
.........................................................................
Chimarrão com pipoca
Em noite quente de verão
à estrela que cai, faísca
peço com o coração
saltitando
pipoca
Em noite amena, outono
à cadente estrelinha
peço com a emoção
derretendo
manteiga
Em noite fria de inverno
à estrela que voa, ligeira
peço com devoção
esquentando
chimarrão
Em noite fresca, primavera
à viajante estrelinha
peço com paixão
sorvendo
o mate
verde dos desejos!
Anorkinda
......................................................................
Chuva paixão
........................................................................
CIGANA VIDA
Cigana vida é esta que busco
vida de liberdade, de vento no rosto
Cigana vida que tem mundo inteiro
por lar e parentesco amistoso
Cigana vida é aquela que invejas
vida de prazeres, de dança no fogo
Cigana vida é este suspiro
de mulher apaixonada e gentil
Cigana vida é aquela barba
de molho em hormônio febril!
Anorkinda
........................................................................
Coração de paz
Um coração
recauchutado
estava à vista
em vitrine de loja bonita
O preço era promocional
pois ele fora usado
sem cuidado
Um coração
já machucado
mas bem arrumado
para fins de comércio
O objetivo principal
é que com nova prática
e novo dono
ele seja instrumento de paz
Anorkinda
................................................................
..........................................................................
D. FIFI
Todo dia no salão
cabelereira confissão
Trololó com as amigas
Ninguém escapa das intrigas
Vida alheia é pura diversão
D. Fifi não esquenta com confusão
E bate a língua sem descanso
Fala do banana e do corno manso
Tem história e julgamento todo dia
Só não desiste mesmo é dessa mania
De contar pra meio mundo o que já se sabia!
Anorkinda
...............................................................
D. IRENE
Mais do que doceira de mão cheia
D. Irene era a própria doçura
Mais do que tortas e roscas
Ela incorporava a gostosura
Mais do que açúcar e glacê
D. Irene exalava ternura
Mais do que arteira, ela recheia
o pão de cada dia com melaço e rapadura!
Anorkinda
...............................................
Da boca solidão
À noite, a solidão
em leito de insônia
soluçando, povoa
os céus de vaga-lumes
e borboletas, a espantar
o Senhor do sono
O silêncio de ouro
desposou a liberdade
nas asas e braços
de Deus
À tarde, a solidão
em abraço de astros
soluçando, fala
de flores e cascatas
numa voz atroz, a velar
o caminheiro da paz
A verdura da grama
em noivado buliçoso
prende-se aos orvalhos,
palpitam as matas
Anorkinda
................................................................
Decerto...
Se os frutos amadurecerem
no tempo certo
Se as estrelas caírem
no lugar certo
Se as chuvas molharem
as estradas
Se as flores servirem
de contorno
Se os cabelos esvoaçarem
ao vento
Se as nuvens servirem
de adorno
O bem maior estará
por perto
A beleza será
bem-vinda, decerto...
Anorkinda
..............................................................................
Deliciosa cozinha
Ah...dá gosto comer o bolo de fruta
Saído quentinho do forninho antigo
Ah...cozinha delicada e recheada
de poesia e do carinho da chaleira chiando
Ah...o gatinho aproveitando o quentinho
dispensa chamego no bom soninho
Ah..aconchego de pequeno ninho
cuidado de fartura, ingrediente: amor!
Anorkinda
........................................................
Descalça
Vinha desfilando pela vida
vestido de seda vermelha
a atenção de todos chamava...
Cabelos perfeitos e vermelhos
sorria alegrias e simplicidade
Gostava de sentir o solo
por isso vinha descalça...
Anorkinda
...................................................................
DESCUIDADA
Ela caminhava pelas ruas da vida
caminhos e tropeços, pedras...
Ela descuidava, desatenta e bonita
pelos salões, bailes e festas...
Ela seduzia pelos olhares e trejeitos
detalhes e delicadezas, femininas...
Ela conduzia, os dias sem medos
pelas curvas da sorte, ela foi
atropelada pela felicidade!
Anorkinda
...........................................................
Dia safado
........................................................
Dorme e sonha
Dorme, garota, o sono
leve em conforto,
revigorante abono.
Sonha, garota, a trama
leve em absorto
idílio, tal uma dama.
Goza o descanso manso
num dia de alforria
Anorkinda
..................................................................
Dos mistérios
De posse
da chave
dos mistérios
Ela foi
escolhida
iluminada
De volta
ao trilho
das descobertas
Ela foi
acolhida
abençoada
Anorkinda
...............................................................
É fácil
..............................................................
.........................................
Ela...
Ela sorria infância,
nuvens cinzas
eram ilusão...
Se chovia,
era colorida
toda a fragrância...
Ela corria campos
atrás de borboletas...
Se havia
choro, era de alegria...
Ela alforriava sonhos...
Seduzindo a vida com paixão...
Anorkinda
...............................................................
Ela é da moda
Ela diz que chegou de viagem
mas tem nenhuma bagagem
muito menos cultural
Ela diz que pagou pelo peito
mas do volume no beiço
jura ser natural
Ela diz 'chuchu' pras camêras
imita sensuais sereias
no gesto artificial
Ela diz um monte de bobagem
irrita toda a vadiagem
que quer o mais banal:
Ver-lhe nu o corpo escultural
Anorkinda
....................................................................
Em casa vazia
Entrei em uma casa vazia
Senti os arrepios das sombras
Toques frios em mãos macias
Entrei no Reino das Brumas
Tremi ao frio de um dia
Andei pelos quartos soturnos
Densos fluidos das manias
Tremi ante os velhos tronos
Névoas de toda solidão
que se vive na escuridão
Adentraram em mim
Saudades de muitas eras
vividas em toque de esperas
Anunciaram mais um fim
Anorkinda
............................................................................................
Em missão
...................................................................
Empanturradas com elegancia
Chá da tarde
e guloseimas
distraem
distraem
e a conversa
vai fiada
costura
que nada
alinhavo mesmo
de fuxico
e descontração
empanturradas
elegantes
elegantes
como o urso
esbaldado
no mel!
Anorkinda
.........................................................................
Empresta, vai...
Empresta-me as cores da vida
Aquelas mais vistosas
banhadas de sol e alegria
Ensina-me o sorriso atrevido
Daquele de enfeitiçar
e que faz brilhar o olhar
Enlaça-me num abraço apertado
Daquele de sufocar
e que faz o coração esquentar
Empresta-me as asas de fada
Aquelas cor-de-rosa
guardadas em tua aura de magia
Anorkinda
.......................................................
Encantamento
Eu encantaria o dia,
este novo
que está pra nascer...
Com rebrilhos
de alvorecer!
Eu encantaria o olhar,
que acarinha
sem precisar tocar...
Com lágrimas
a faiscar!
Eu encantaria o chão,
este solo
onde pisas, descuidada...
Com perfumes
de terra molhada!
Eu encantaria o verso,
que aninha
toda bela canção...
Com mágica
de montão!
Anorkinda
.............................................................
Era uma vez...
Era uma vez um desejo
Desejo de rolar o mundo
Ele morava na menina
Menina de olhos grandes
Do tamanho do mundo
O desejo pulsava
no coração da menina
Menina queria rolar o mundo
de dimensões grandes
nas mãos da menina
Na brincadeira da vida
O desejo encontrou espaço
Do coração da menina
Desejo transbordou em euforia
manipulou todo espaço
O desejo comandava
cada brinquedo da menina
Menina de vontades grandes
Capazes de rolar o mundo
Em um jogo secreto de menina
Era uma vez um desejo
Que rolava mundos
em mãos de menina
Jogo divertido de refazer a vida
Pertencendo a outros mundos
Anorkinda
....................................................................
ESPELHOS
De moldura marrom
o espelho refletia
um tenebroso tom...
Era morte em fria
execução.
Rodeado com fita
colorida, chamava
toda moça bonita
e o espelho executava
a maldição...
Já o velho espelho
no tom vermelho
emoldurado
estava ao lado
da morte/sedução...
Mostrando linda
dama que advinda
de um submundo
atingia fundo...
Assombração.
Quando o reflexo
era opaco, sem nexo,
o assombro vinha
de forma daninha...
Condenação.
Oblíquo fantasma
exalando o miasma
de um ódio
eterno e sem pódio,
matava em expiação...
No espelho ocre
a sobrevida certeira
era de cheiro/enxofre,
do inferno à beira...
Danação.
Vitimado o ser
lentamente vagava
num límbico viver...
aos berros clamava
por Ressureição.
Anorkinda
.................................................
Eu conheço a história
do contrário
Onde uma fadinha
beijou
um lindo príncípe
e no mesmo
instante
ele transformou-se
num rugoso sapo
lamuriento
e solitário
Anorkinda
......................................................
Eu iria
Embarcada na nave-mãe
eu iria na poltrona vip
Encantada de estrelas
eu, pra casa voltaria
Enovelada por mistérios
eu iria, toda chique
Enluarada de paixão
eu, satisfeita, sorriria
Enamorada por ETs
eu iria, pois soou o bip
Entusiasmada com a luz
eu, eternamente viveria
Anorkinda
.............................................................................................
Eu vou pra Pasárgada