com AMÉLIA DE MORAIS
ANGÚSTIA
Meu coração
rima de pé-quebrado,
remediado
e insensato
fala versos de saudades
Meu poema
anda angustiado
extenuado
fica parado
de olhar amarrado
nas tuas amenidades!
Anorkinda e Amélia de Morais
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A ÚLTIMA NOTA
Ir embora, pra quê?
Troquemos a rota
Retire da viola
a última nota
Cubra-nos de melodia
Oriente o rumo
deste pedido uno
retiremos da fruta, o sumo
Sustenta-nos com sustenidos
compassos e bemóis
recorda dos tempos idos
entre tantas luas e sóis
Façamos juntos a refeição
das palavras e das cores
liberta a solidão
no leito dos nossos amores
Anorkinda Neide & Amélia de Morais
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COTOVIA POESIA
Fala-me poesia
o que queres
ao descrever-me?
Coração poesia
o que queres
ao bendizer-me?
Recita-me poesia
como quem canta
como quem assovia
És cotovia de pouso leve
louvando a mim
com seu canto breve
Anorkinda e Amélia de Morais
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Despertando em Poesia
Resplandeço todo dia
nos versos do poeta
A ilusão me fantasia
no voo da borboleta
Sou poesia-harmonia
quando quer o poeta
Sou poema-idolatria
no aro da bicicleta
Acordo poesia
se durmo arquiteta
sou o sol bom do dia
verso luz que completa
Sou poeta-alegria
nas letras, atleta
sou verde que contagia
na tristeza, analfabeta
Anorkinda Neide & Amélia Veloso
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FLORES DE PAPEL DE POESIA
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Somos norte e sul
Somos jangada e minuano
Somos vermelho e azul
Somos portos, gaúcho e pernambucano
Somos mulheres e mães
Somos caneta e papel
Somos leite e pães
Somos poesia em rondel
Vamos ser melhores e meninas
Vamos em mar e rio
Vamos semear flores e bailarinas
Vamos rimar um afeto macio
Vamos de norte a sul
Vamos em versos e abraços
Vamos voar pelo céu azul
Vamos aterrisar, em risos e laços
Somos flores de papel
espalhando alegria
Somos versos perfumados
espalhando cantoria
Amélia de Morais e Anorkinda
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Frevo e amor
Na manhã de carnaval
ardeu um brilho desigual
era a chama daquele amor
nascido entre serpentinas
Foi refrescada no café
com suco de laranja do pé
era, a chama, filha do ardor
de foliões e lindas colombinas
Naquela tarde de folia
o sol no alto ardia
ouvi, de longe, um clamor
a música, dobrando a esquina
E à sombra da laranjeira
deixei um pierrot na esteira,
corri de encontro ao sedutor
centenário menino que desatina
O frevo é pura adrenalina.
Anorkinda e Amélia de Morais
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FUGA
Passo a passo
ando triste por aí
como que roubada
dos carinhos que eram meus
Cabisbaixa
choro por aí
escondendo os olhos
destes olhos teus
Cara a cara
encontro com você
não disfarço que fugi
de cumprimentos vazios
Apressada
saí de você
dispensando os lábios
que antes me eram macios
Amélia de Morais & Anorkinda
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IDEIAS INSANAS
Ainda ontem
revi teus olhos
passando de relance
na minha vida
Pareciam
enormes chamas
queimando friamente
o sorriso teu
Ainda assim
torci os dedos
querendo uma chance
e ser tua querida
Pareciam
ideias insanas
sussurando em tua mente
-Venha ser meu!
Amélia Veloso & Anorkinda Neide
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Inspiração
Cospe logo esse verso
Preso na tua garganta
Que não te deixa dormir
que não te deixa sonhar
Traga agora essa brisa
Morna que te aninha
Na tua tenra rima
Na tua terna fala
Arranha a palavra na boca
Molha o verso entre os dentes
deita a língua, toda prosa
Poe pra fora essa semente
Dissolva o que te inspira
Profira a diáfana citação
deixa o broto do amor vingar
Suspire poesia e me dê a mão
Amélia de Morais e Anorkinda
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INSPIRAÇÃO DA MANHÃ
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Anorkinda e Amélia de Morais
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LIBERTA
Coração na mão
Oração de perdão
Lágrima parida
Lástima sentida
Soluço, emudeço
Suspiro e adormeço
Frágil, me afogo
Em mim mesma
Desafogo minha dor
nas noites de desapego
e as flores desprendem
o perfume da renúncia
Imito as rosas
e emito meu grito
libertando meu corpo
da tirania do coração.
Anorkinda e Amélia de Morais
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NÓS
Recita-me
escuto-te
desnudo-me
Cubra-me
recebo-te
declamo-te
Versa-me
queimo-te
declaro-me
Ama-me
livro-te
revelo-te
Amélia de Morais e Anorkinda
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NOSSA POESIA
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Debaixo do pano da manga
Escondeu-se um verso
Tímido, em pele de pitanga
Espiava os movimentos
fluidos e inversos
dos puros encantamentos
Esperava o momento exato
de ser parte do universo
no grito forte do parto
Nos dedos da minha e da sua mão
estava ele imerso
até a revelação
Ei-lo que surge, então.
Anorkinda Neide & Amélia de Morais
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NOSSOS VERSOS
Natureza poesia me trouxe adormecida
abriu-me os olhos e me vi poetisa
dancei com as fadas em noite enluarada
Versos alados chegaram de mãos dadas
abriu-se o portal da inspiração
rimei com a lírica do meu coração
Natureza poesia me faz pura emoção
onte, hoje e para sempre será
meu alento, meu alimento, meu cantar
De rimas pobres, rimas ricas, rimas sem rimar
apenas palavras, no sangue gravadas - DNA
unidas em versos por nossas mãos
Anorkinda e Amélia de Morais
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Oração Natureza
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OS OLHOS DA MADRUGADA
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Por favor!
Mais sabor, por favor!
Mais vento, conduzido pelo alento!
Mais saúde, acompanhada de virtude!
Mais amor, por favor!
Mais carinho e uma taça de vinho!
Mais presença, pra desfazer toda crença!
Mais beleza, por favor!
Mais poesia espalhada e alegria!
Mais atitude em toda sua amplitude!
Mais natureza, por favor!
mais ninho dando vida ao passarinho!
mais licença pra acabar com a desavença!
Anorkinda e Amélia de Morais
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RE(CRIANDO)-ME
Estou voltando à cena
Me fantasio de solidão
Enquanto tu me acenas
E atrapalhas a oração
Estou decorando o texto
Me concentro na obra
Tudo sai do contexto
Mas a plateia me cobra
Estou pintando a face
a máscara se criando
aos olhos dou um realce
Minha voz estou emprestando
à boca miúda e sem disfarce
me jogo no palco, estou sonhando.
Anorkinda e Amélia de Morais
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RITMO ESGOTADO
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SOBRAS